
O novo presidente do PSDb declarou defender o
parlamentarismo, no que repetiu uma declaração do presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, semanas atrás, quando negou seu apoio à revogabilidade dos mandatos
executivos por plebiscito popular. Logo surgiram na internet, em grupos que se
autodefinem de esquerda, comentários contrários ao parlamentarismo, encaixando-o
em uma narrativa fantástica do golpe parlamentar de 2016. Opera-se assim uma
inversão – a “direita” defende o parlamentarismo, e certa “esquerda” defende o
presidencialismo, muito embora essa escolha em si seja o inverso do que os
termos significavam quando surgiram no século XVIII, pois nada mais parecido
com a monarquia que o presidencialismo.
Segundo os “gênios” de nossa tão bem sucedida esquerda o
parlamentarismo seria conservador, ou seja, o presidencialismo permitiria mais
avanços sociais que o parlamentarismo!?!? Melhor nem comparar o IDH ou outro
indicativo social qualquer que se queira dos países parlamentaristas e dos
presidencialistas, porque afinal, apesar da vitória parlamentarista ser
esmagadora, não existem modelos.
A idéia de nossos incríveis “pensadores” de esquerda é que
de posse do poder executivo seria possível promover avanços mesmo sem maioria
parlamentar. Parece que 14 anos de governo petista com maioria parlamentar de
direita não ensinaram nada a ninguém! Para um presidente fazer qualquer coisa
significativa sem maioria parlamentar precisa, ou fechar o parlamento, ou
comprá-lo, ou coisa que o valha, ou seja, a opção presidencialista é de fato
uma opção autoritária. É a velha ilusão no Salvador da Pátria!
É necessária maioria parlamentar. Mas o presidencialismo não
permite bons parlamentos. Os eleitores, exatamente iludidos em busca de um
salvador, só votam a sério para os cargos executivos, e para os cargos
legislativos votam por critérios não-políticos, como amizade, parentesco, local
de moradia, serviços prestados etc.
Nos países parlamentaristas as eleições parlamentares são
levadas mais a sério. Vota-se nos deputados pensando em quem será primeiro
ministro. Os próprios candidatos expõem mais as fotos dos candidatos a primeiro
ministro que as suas. Ou seja, vota-se no parlamento por critérios políticos!
O presidencialismo é corruptor.
Para governar o poder executivo precisa de maioria no legislativo, e tem a
chave do cofre para conquistar essa maioria, legal ou ilegalmente. É o que se
vê em milhares de municípios brasileiros, há décadas! No parlamentarismo é a
maioria parlamentar que governa, portanto essa maioria pode até roubar
diretamente, mas não existe mais um mecanismo suplementar para não só
estimular, mas na verdade obrigar à corrupção. A corrupção dos parlamentos
sempre aparece, mas são os poderes executivos os agentes corruptores principais
do país, porque precisam ser!
O parlamentarismo não é perfeito, não é o poder do
proletariado, não acabará com o poder do capital. Contudo, para nossa realidade
política é um grande avanço. Ficamos livres dos salvadores da pátria que
existem em cada município, as eleições parlamentares são politizadas, e
corrupção dos parlamentos pelos executivos deixa de ser obrigatória. Os
petistas, que nunca se preocuparam com avanços na democracia, como demonstraram
em seus 14 anos de governo, só se preocupam, como sempre, com o Lula, e serão
contrários ao parlamentarismo. Completou-se assim uma incrível inversão – em
propostas políticas o Pt está mais à direita que o PSDb! Enquanto os tucanos
propõem o parlamentarismo, os petistas propõem que a nação seja salva por um
messias, o Barba!
Comentários
Postar um comentário