O impedimento foi a
melhor estratégia para a saída de Dilma e dar sobrevida ao PT. Logicamente que os
petistas não poderiam ter arquitetado esse plano brilhante sozinhos mas tal
artimanha tinha que passar pela imbecilidade da oposição de sigla partidária.
O Petismo causaria a sua
própria derrocada ao governar nessa conjuntura de crise na qual teria que fazer
avançar a sua velha receita de governabilidade e apoio irrestrito ao grande
capital e aos seus financiadores. Isso ficaria cada vez mais latente aos olhos
dos seus poucos seguidores ideológicos. Obviamente que o PT não precisa acabar
enquanto legenda para ser derrotado, mas, e é isso o essencial, a partir do seu
esvaziamento simbólico e a sua consequente degeneração a somente mais um partido
fisiológico entre tantos outros que existem no centro da política partidária.
Mais ainda, os
antagonistas do PT deveriam ter dado o direito do Lula unir a sua sorte com a
sorte do Partido e do Governo. Seria o fim do ciclo do PT, uma vez que teriam
que fazer avançar ainda mais os seus ajustes fiscais tão exigidos pelos seus
financiadores, dentro das receitas tradicionais e nos limites da direção
econômica que o PT tanto se apega. O Governismo, doença inerente ao Petismo,
seria de todo modo um desastre!
De outro modo, o
impedimento salva o Petismo. Assim, se o próximo governo fazer as medidas de
ajuste fiscal que o PT faria, este partido demagogicamente dirá que o ajuste
sob sua condução não seria tão profundo quanto a necessidade do capital o
exige.
O PT voltará aos tempos
de demagogismo na oposição e de se colocar diferente das outras legendas por
retórica e, por conseguinte, continuarão a colocar em sua órbita de (limitada)
ação, os demais partidos que buscam o crescimento de uma verdadeira esquerda.
Não foi por acaso que os únicos partidos que votaram inteiros em defesa da Dilma foram o
PCdoB e o PSOL, além do próprio PT. Seres pensantes continuarão a se
sensibilizar com o Petismo. Setores passivos diante do contraditório PT sairão
às ruas enfrentando o PMDB. Ou seja, a verdadeira esquerda continuará sendo
eclipsada pelo projeto de poder pelo poder do PT que até 2018 pautará a
política partidária, como uma continuação do enfrentamento que PMDB e PSDB inauguraram
com o impedimento.
Desses últimos partidos,
nós só poderíamos esperar imbecilidades mesmo, uma vez que com essa ação atabalhoada
nada mais fizeram do que justificar o PT como, agora vítima do sistema, um mal
menor a ser defendido pelos petistas. A conciliação partidária que
Dilma anunciou se sobreviver ao impedimento seria o desastre desse partido pelo
seu esvaziamento simbólico. O protótipo da fusão aconteceu em MG aonde o PT
mineiro não se furtou em fazer palanque ao Aécio. O resultado dessa fusão das
letrinhas (PT+PSDB+PMDB=$) seria a catástrofe, uma vez que seria difícil do povo
distingui-los depois disso.
E lá vai mais um biênio
de despolitização das massas enquanto a classe trabalhadora continua a sofrer
revezes retumbantes que seriam dirigidos pelo próprio PT, tais como a reforma da
previdência, a flexibilização do trabalho, além da precarização da saúde e
educação, somados com o avanço da renúncia de receita do Estado nos setores
estratégicos como o petróleo e a energia elétrica a partir da ingerência e da
corrupção generalizada nessas (mais ou menos) estatais.
Justifica, ressalta-se,
que PSDB e PT continuem falsamente a polarizar a política nacional como dois
lados de uma mesma moeda, ambos sustentados pelo PMDB, numa luta de lógica
invertida, ou seja, a ruindade de um é defendida pela ruindade - um tanto maior?
- do outro.
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