
Existe uma crise mundial, desde 2008, e os dados indicam que
ela está piorando. Porém, não foi essa crise que atingiu o Brasil. A crise
brasileira foi criada, desde 2011, pelo governo brasileiro, como é fácil perceber.
O Brasil está sob o guarda-chuva chinês, que só agora começou a furar, mas
alegou a crise mundial para tomar medidas recessivas desde 2011. Por que um
governo faz isso jogando contra os próprios votos?
A crise mundial é um fato. Trata-se de uma crise de
superprodução mundial, causada pelo sucesso chinês. Quando a China inundou o
mundo com seus produtos baratos, começou a levar a falência milhões de fábricas
de todos os países do mundo. Desindustrializados, esses países perderam
empregos, perderam poder de compra, e a própria China, hoje a fábrica do mundo,
já não consegue vender tanto, e daí não compra tantas matérias primas, ou seja,
a crise se agravou!
Até 2016, porém, o Brasil mal tinha sido afetado por essa
crise. A crise que nos atingia era causada somente pelo nosso governo, que
desde 2011 começou a tomar medidas recessivas, como aumentar taxas, impostos,
cortar investimentos etc. Por exemplo, em 2015, o pior ano da última década do
ponto de vista econômico, o auge dessa crise criada pelo governo, a inflação
atingiu 11%, mas os maiores aumentos foram 50% na energia elétrica e 20% nos
combustíveis. Ou seja, sendo que 11% é a média, a maioria dos produtos subiu
menos que isso, e em seus custos tiveram que pagar 50% a mais de energia e 20%
a mais de fretes, de forma que TUDO o que a maioria dos preços subiu é
decorrente somente desses dois aumentos, ou seja, da vontade do governo
petista.
Todos sabem que inflação causa perda de votos. Dilma sentiu
isso em 2014, e em 2016 sentirá mais ainda nas eleições municipais. Por que
então o governo gera inflação? Acontece que só existe uma maneira realmente
eficiente de combater a inflação em uma economia de mercado – a produção não
pode parar de crescer! Fim de papo. É a única saída verdadeira e saudável
contra a inflação. A outra medida, tomada por FHC e que Dilma tentou imitar, é
um remédio pior que a doença, é conter o consumo, é a recessão! O plano real
não passou disso. FHC tirou o dinheiro do bolso dos brasileiros, e no dia mesmo
da transição de moeda permitiu um salto enorme de todos os preços. Então, sem
ninguém podendo comprar como os preços podiam subir mais?
Mas o problema atual é completamente diferente. Dilma não
estava enfrentando uma inflação galopante quando começou a tomar medidas recessivas
em 2011, nem quando as agravou em 2015 (com a mesma desculpa da crise mundial).
Também não há um problema de endividamento. Metade do orçamento do governo é
gasto com juros da dívida, ou seja, para manter os ricos ricos e vagabundos,
mas isso não é um problema econômico, nem financeiro, mas político. Uma
auditoria, que Dilma acabou de vetar, resolveria isso. Diversos tipos de lei
podiam ser criadas para resolver isso. Contudo, são os caras que comem essa
metade do orçamento que financiam as Dilmas, os Aécios, os Cunhas, os
Bolsonaros, os Dirceus etc., e portanto nossos governantes governam para tirar
mais dinheiro dos brasileiros para esses ladrões. Ou seja, não é um problema
financeiro, é um programa de governo, de Estado, em vigor ao menos desde 1964.
Como uma nova colônia, somos roubados por uma nova nobreza parasitária. Quando
compramos uma cerveja de R$ 6,00, R$ 4,00 são impostos, e R$ 2,00 vão para
esses parasitas, que usam parte desse nosso dinheiro para corromper os nossos
políticos e continuarem nos roubando, e para facilitar o roubo mantêm o país
funcionando porcamente.
Mas a dúvida continua. Para pagar seus patrões o governo não
precisa perder popularidade, não precisa gerar inflação, até pelo contrário! O
problema é mais concreto, não pode ser resolvido com prisões de bandidos e com
canetadas. O problema é na economia real. A seca de 2013 ofuscou a crise
energética, ao agravá-la e assim tomou a culpa por ela. Mas a verdade é que o
Brasil já estava à beira de um apagão nos meses anteriores à seca. A política
eleitoreira de Lula teve o mérito de soltar dinheiro na economia e fazê-la
crescer, mas esse crescimento do mercado de miúdos não foi acompanhado pelo
crescimento da infra-estrutura do país, que continua se arrastando e agora
parou. Quando veio a seca a situação foi tão grave que o governo comprou cotas
de energia de volta das empresas, ou seja, pagou para as empresas produzirem
menos e demitirem, porque em caso contrário haveria apagão, em ano eleitoral.
O Brasil precisa de ferrovias, portos, muito mais energia
etc. Tem tentado construir isso por via mercadológica, conforme a fé fanática
de nossos governantes desde a extrema-direita até a “esquerda moderada” (Lula
acaba de se confessar liberal. A “moderação” dos social-democratas é sempre
capitulação). Contudo, é óbvio, o mercado só serve mesmo para os miúdos,
pequenas lojas, botequins, salões etc., não para coisas importantes como
desenvolver um grande país. Incapazes de romperem com seu fanatismo liberal
(até porque são bem pagos para se manterem nessa igreja do fracasso) nossos
carrascos se vêm obrigados a conter o crescimento do país, mesmo que gerando
alguma inflação, pois temem uma catástrofe econômica muito maior.
O Brasil não passava de uma fazenda até a década de 1940,
quando Getúlio, já há dez anos intervindo pesadamente na economia, sobretudo
criando várias grandes estatais, conseguiu iniciar o processo de
industrialização, e não somente surtos industriais como tínhamos tido até
então. Desde então, quando o Estado continua intervindo e criando, o Brasil se
desenvolve rapidamente, e quando os fanáticos liberais assumem o governo o país
para e entra em crise. Ao esperarem do mercado que resolva os problemas
nacionais, os liberais são ainda menos realistas que os religiosos esperando
ajuda de um deus. Os religiosos podem alegar a infinitude do Universo em favor
de sua ignorância, mas os liberais não podem alegar nada, são ignorantes só
mesmo porque querem ser, uns porque são pagos para isso, outros porque são
enganados pelos que são pagos para isso.
A vantagem das estatais, que nenhum liberal consegue
entender, é exatamente não precisarem de lucro. É para isso que elas servem!
Portanto, a Petrobrás, por exemplo, precisa ser reestatizada, porque na
situação atual, com ações na bolsa, buscando lucro portanto, ela é tão
ineficiente quanto qualquer empresa privada. Os liberais, tucanos, petistas e
peemedebistas (são todos liberais), quando não privatizaram as estatais,
abriram seu capital. Ou seja, jogaram fora seus próprios instrumentos de
governo! Precisamos de uma Petrobrás realmente estatal, que possa ter
prejuízos. Por exemplo, se for interessante que o combustível seja extremamente
barato, que a Petrobrás tenha o prejuízo que for pelo tempo que precisar, mas o
venda barato, e se for necessário, pelo contrário, não vender para estocar, que
a Petrobrás fique sem vender até anos a fio. Para isso servem as estatais! Para
atuar como robôs, ou como animais com tapa-olhos, já existem as empresas
particulares, completamente amarradas por suas necessidades. Quando se abre o
capital de uma empresa, além de se dar dinheiro para vagabundos, se esta
amarrando essa empresa a obrigações que não nos interessa que as estatais
tenham.
No momento, se tivéssemos governo, estaríamos confiscando
todos os bens dos empresários e políticos envolvidos em corrupção, e criaríamos
só com esses restos uma gigantesca construtora nacional, com a qual
construiríamos toda a infraestrutura de que precisamos.
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