
Conforme artigo de meses atrás no São João del Pueblo, as
eleições municipais de São João del Rei já começaram! Os dois principais
candidatos, Rominho e Nivaldo, já estão praticamente em campanha. Agora é a
fase de montagem das chapas, das coligações, da preparação logística, em
resumo, é talvez o momento em que as eleições realmente se decidem.
Dois candidatos muito fortes prometem que vão disputar essas
eleições. Do lado tucano, Rômulo Viegas, ex-prefeito pelo PMDB entre 1988 e
1992, quando se iniciou a era Nivaldo. Rômulo é lembrado como bom prefeito por
muitos eleitores, e tem a seu favor não só a máquina tucana, Gazeta de São João del Rei à frente,
como sobretudo o sentimento de revanche aecista, das eleições de 2014, que
tucanos e petistas não deixam acabar, talvez porque vivem dessa polarização.
Para os derrotados de 2014, tomar a prefeitura que está com o Pt é uma questão
de honra, uma necessidade sentimental, e isso ajudará muito o candidato tucano.
De seu próprio lado, agora filiado ao PDT, Nivaldo, cuja
candidatura é sempre uma incógnita, mas que está em campo. Nivaldo, derrotado
em 2012, teve contudo 20 mil votos, seus eleitores fiéis, e é certo que de lá
para cá ganhou mais alguns milhares, por obra e graça do atual prefeito, seu
maior cabo eleitoral, que nisso superou o tucano que desgovernou a cidade ao
lado do Pt entre 2004 e 2008. É difícil prever o resultado dessa disputa.
A força desses dois oponentes é mais um fator que coloca o
Pt de fora dessa disputa, como se precisasse mais algum fator! O fracasso total
da administração petista é agora irreversível, mesmo porque os vereadores
tucanos e nivaldistas, depois de conseguirem favores do prefeito por três anos,
começaram a trabalhar para seus candidatos em 2016. Mas seria irreversível
mesmo que todos os vereadores fossem do Pt. Além do fracasso local, o
anti-petismo está forte como nunca antes, o governo Dilma é horrível,
destacadamente para os aposentados, 22 mil em São João del Rei, e o governo
Pimentel já começou a decepcionar.
Claro que mesmo assim o Pt terá que apresentar candidato, e
quanto mais forte ele for, mais beneficiado será Nivaldo, e mais prejudicado Rômulo
Viegas. Afinal, tucanos e petistas dividem o campo anti-nivaldista. Por
exemplo, se os tucanos tivessem tido candidato em 2012, Nivaldo teria sido
eleito, e o Pt derrotado. Oficialmente o PSDb apoiou Nivaldo, mas isso foi o
beijo da morte! Na prática, ao não lançarem candidato e apoiarem Nivaldo, os
tucanos apoiaram o Pt. Também um PSB, se lançar Adenor Simões com algum
dinheiro para campanha, dividirá sobretudo os votos de Rômulo Viegas.
Para a Frente de Esquerda o fracasso petista abre um imenso
espaço! Muitos verdadeiros socialistas, muitos simpatizantes do comunismo, se
deixam enganar pelo sonho dos capitalistas. Acreditam os capitalistas,
ignorantes que são de história, que podem se livrar do Pt e do socialismo junto
(claro que eles acreditam que o Pt é socialista) e sequer compreendem que
fortalecem o Pt ao chamá-lo de socialista. Ao observar a história do Brasil e
de outros países o que observamos é que muito pelo contrário, a destruição de
uma força política é rapidamente seguida pelo crescimento de outras forças políticas,
não raro mais radicais. A ideologia socialista do proletariado brasileiro não é
e nunca foi o marxismo, é sim um cristianismo primitivo, igualitarista,
justiceiro, misturado com a fé aprendida com os avós. Nós comunistas estamos há
noventa e poucos anos tentando levar o proletariado brasileiro a superar isso e
se tornar livre e forte, e se os coxinhas, com os geniais argumentos deles,
conseguirem enfim destruir essa crendice, é (mais) um favor que nos fazem! Contudo,
desconfio que não vão nem arranhar a ideologia do nosso sonolento proletariado.
O PSOL tem sido o maior beneficiado com a deblacé petista, e as eleições de 2016
evidenciarão isso como nenhuma antes o fez. O PCB também não pode reclamar. Só
por existir está se tornando uma forte referência nacional, uma vez que o PcdoB
afundou junto com o Pt. Trata-se de um exemplo mais específico do que dissemos
para a esquerda em geral. Assim como o eleitorado de esquerda em geral não
deixará de ser de esquerda, os comunistas não deixarão de serem comunistas só
porque o PcdoB ruiu. Simplesmente esses comunistas vão se organizar de outra
forma, como por exemplo, no PCB, mas também de diferentes outras formas.
Em São João del Rei, desde 2008, PSOL, PSTU e PCB conseguem
montar uma Frente de Esquerda, coisa que a maioria das cidades do país não
logra, e em 2016 esperamos que façam o mesmo, acrescidos agora com as Brigadas
Populares. A prioridade deve ser a eleição de vereadores, pois
eleja-se Nivaldo ou Rominho, será necessário continuar a fazer oposição.
A auto intitulada reforma política não reformou quase nada. As regras continuam as mesmas. ou seja, quem elege ou não elege vereadores é a coligação, de forma que é necessário formar chapas grandes de vereadores para conseguir eleger os mais votados dessas chapas. Trata-se quase de um jogo de azar, no qual os partidos tentam filiar pessoas que têm votos, mas não votos suficientes para serem os mais votados da chapa e ficarem com uma vaga (uma vez que normalmente os caciques partidários já têm seus preferidos para vencerem). Os candidatos por sua vez, quando entendem esse jogo, tentam passar a perna nos caciques tendo mais votos que os candidatos preferidos deles. A filiação de pessoas para se candidatarem foi uma das poucas coisas que mudou, estendendo-se até Março de 2016.
Para a Frente de Esquerda o jogo é o mesmo! Se não filia e não candidata uma chapa grande, não tem chance de eleger ninguém. Se filia e candidata sem critérios corre o risco de eleger um bandido, ou mesmo um partidário de outras forças. Então o desafio é montar uma grande chapa, mas só com pessoas de confiança.
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