Nas últimas eleições, assistimos a
mudança do governo estadual e a classe dos professores imaginou mudança nos
rumos da educação de Minas Gerais. No entanto, a mudança de governo não
resultou numa alteração de princípio para uma mudança de fato.
Devemos lembrar que no governo estadual
passado do PSDB, os professores estavam alijados de opinar nas políticas
educacionais que foram impostas contra a vontade dos educadores e, pior ainda,
o governo vergonhosamente propagandeava uma qualidade mantida por um rótulo que
pouco escondia a péssima realidade do produto. A farsa do PSDB caiu naquela
eleição e foi comemorada pela classe educacional de Minas Gerais.
O PSDB conseguiu ser tão nocivo para a
educação que, aparentemente, mostrava-se natural o caminho de desfazer as
burrices impostas pelos surdos tucanos que não conseguiram nenhum tipo de apoio
no setor educacional. Era notório a política do PSDB para sucatear e derrubar um
setor que a sociedade considera fundamental e que deve ser garantido pelo
Estado.
Nesses seis meses de governo
PT-Pimentel, assistimos a uma esperança na classe educacional: o Sind-Ute,
sindicato petista, sentou em mesas de negociações com o governo. Algo tão
simples mas que o PSDB não soube fazer! Mas a esperança vai tomando contornos
de, novamente, descrença com os acontecimentos na educação.
Com relação aos salários historicamente
defasados por anos de calamitoso (des)governo tucano, o governo PT-Pimentel
prometeu pagar o piso nacional dos professores na campanha eleitoral mas, logo
de cara, anuncia que vai pagar o piso somente no último ano da sua gestão!
Tragicamente, o novo palanque do governo petista, o Sind-Ute anunciou a bomba
como se fosse um acordo histórico!!!
Senão vejamos o cálculo dos professores:
o salário será ajustado anualmente em, aproximadamente, 8% ao ano para chegar
no valor do piso. Simples se não fosse um fator que tal matemática não torna
claro: usa os números do amanhã como se fossem os números de hoje! Não levaram
em conta nem mesmo que o ajuste anual poderá ser equivalente a inflação do ano
e que o valor do piso nacional deverá ser corrigido e o acordo chegará já defasado!
Nem mesmo o cenário atual sustenta mais promessas demagógicas do governo PT-Pimentel;
ao contrário estamos assistindo cortes enormes nas áreas sociais, entre elas a
educação.
Enquanto isso, servidores das
superintendências regionais de ensino continuam em greve uma vez que o governo
PT-Pimentel descumpriu acordos firmados no início do ano com os servidores. A
greve continua com mesas de negociações mas, até o momento, sem perspectivas do
Pimentel cumprir com sua palavra.
Por conta das discussões salariais, o governo PT-Pimentel continua a reduzir suas verbas para a educação de maneira
que quase passa desapercebida pelo conjunto da sociedade. As turmas tem
recebido um número crescente de alunos. Em São João Del Rei, torna-se comum
turmas com mais de 40 alunos! Não nos esqueçamos que o governo PT-Pimentel
continua com a ideia de acabar com o ensino noturno e, com isso, as turmas do
diurno do ensino médio ficam cada vez mais superlotadas. O noturno resiste
somente no Garcia de Lima e com aumento de exigências burocráticas para a
inscrição nesse curso.
O Estado continua a enxugar suas verbas
para a educação também quando obriga os alunos a cursarem as turmas de
aceleração. Estas, feitas para alunos com defasagem de idade e que ficam
obrigados a cursarem dois anos em um ano só, sem reprovação e, portanto, sem
precisar aprender nada.
Lembremos ainda que, enquanto os
profissionais da educação colocam em foco as disputas pela reparação de perdas
salariais históricas, passa impunemente outros mecanismos burocráticos que
servem para derrubar o sistema educacional. Como exemplo disso, temos as aprovações
automáticas onde o Estado pressiona supervisores e professores a, primeiro,
colocar o aluno na progressão parcial e, no ano seguinte, fazer o aluno passar
de ano. Na prática, acontece que não há mais reprovações e o aluno, sabedor
disso, mesmo preso em sala de aula, não mais se esforça para fazer provas, uma
vez que não será reprovado se tirar zero em suas avaliações.
Torna-se um paradoxo para o professor
pois se coloca na encruzilhada: fazer o aluno aprender ou passá-lo de ano? O governo PT-Pimentel, por enquanto, defende fazer passar de ano assim como nas
famigeradas políticas tucanas de outrora que, infelizmente, correm o risco de
se consolidarem enquanto (des)política educacional. Sabemos que nos governos
liberais o aluno representa somente um número para o Estado, o chamado custo-aluno e o governo PT-Pimentel
parece seguir a mesma lógica.
Ao que parece, por enquanto, não houve
uma mudança efetiva nos rumos da educação em Minas Gerais. Pior, a classe
educadora desilude-se e assiste desorganizadamente o desmonte do Estado
enquanto prestador de um serviço considerado essencial para a construção de uma
nação com menos injustiças e desigualdades sociais. Será que estamos educando
de fato as futuras gerações?
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