Wlamir Silva
Professor
Historiador
Simpatizo com o jeitão bonachão e "franciscano"
de Mujica (simpatizo, não adiro...rsrs). Mesmo concordando com alguns
companheiros perspicazes que apontam o fato de que suas realizações políticas
não sustentam o mito criado em torno da figura simpática...
Mas o problema se encontra mesmo aí. Mujica dá a entender
que a questão é de índole, e não da lógica da ordem social vigente. O que fica
claro nesta entrevista. Os que "gostam de dinheiro" devem ir para o
mercado e os que "não gostam de dinheiro", "franciscanos"
como ele, devem fazer política...
Então a ordem privada é boa, só deve ser "temperada" com a boa vontade dos "bonzinhos"... Uma versão otimista da divisão da sociedade em castas genéticas, de índoles inalteráveis - Alfa, Beta, Gama, Delta -, adequadas cada uma a uma posição social, do já velho "Admirável Mundo Novo", de Huxley...
Fantasias consoladoras de uma ordem inalterável, como ele
mesmo admite: "Não posso mudar a cultura do mundo em que vivemos, mas
posso viver minha vida e dar minha opinião". Mais inalterável quando se
cinde o público do privado e se abandona a perspectiva da mudança radical por
um "socialismo pelas beiradas"...
Os belicosos e ambiciosos organizam a produção e lucram,
os franciscanos governam com filantropia e os mansos produzem nas fábricas? É a
inversão da não menos tola obsessão pelo "novo homem", que sonha com
uma varinha de condão rousseauniana...
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