LIMITES DO FRANCISCANO MUJICA

Wlamir Silva
Professor
Historiador


Simpatizo com o jeitão bonachão e "franciscano" de Mujica (simpatizo, não adiro...rsrs). Mesmo concordando com alguns companheiros perspicazes que apontam o fato de que suas realizações políticas não sustentam o mito criado em torno da figura simpática...

Mas o problema se encontra mesmo aí. Mujica dá a entender que a questão é de índole, e não da lógica da ordem social vigente. O que fica claro nesta entrevista. Os que "gostam de dinheiro" devem ir para o mercado e os que "não gostam de dinheiro", "franciscanos" como ele, devem fazer política...



Então a ordem privada é boa, só deve ser "temperada" com a boa vontade dos "bonzinhos"... Uma versão otimista da divisão da sociedade em castas genéticas, de índoles inalteráveis - Alfa, Beta, Gama, Delta -, adequadas cada uma a uma posição social, do já velho "Admirável Mundo Novo", de Huxley...

Fantasias consoladoras de uma ordem inalterável, como ele mesmo admite: "Não posso mudar a cultura do mundo em que vivemos, mas posso viver minha vida e dar minha opinião". Mais inalterável quando se cinde o público do privado e se abandona a perspectiva da mudança radical por um "socialismo pelas beiradas"...

Os belicosos e ambiciosos organizam a produção e lucram, os franciscanos governam com filantropia e os mansos produzem nas fábricas? É a inversão da não menos tola obsessão pelo "novo homem", que sonha com uma varinha de condão rousseauniana...

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/04/150423_entrevista_mujica_cc

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