
A palavra
“mudança” foi disputada por todas as chapas que concorreram a essas eleições.
Porém, como sempre, as eleições, do ponto de vista de seus resultados, não
mudaram nada. Nem a chamada “onda conservadora” existe de fato. O que existe é
crescente descontentamento com o que o povo chama de “a política” e é o regime
político, o que fica óbvio em uma análise detalhada dos resultados e das
eleições.
Todos,
mesmo a situação, falaram de mudança porque desde Junho, e conforme as
pesquisas, essa é a vontade do povo. Claro, por mudança no Brasil cada pessoa
entende uma coisa. Por exemplo, quase todo o eleitorado petista (menos os
Sarney, as Kátia Abreu, os Malufs e Newtões) colocou o Pt no governo e o mantém
desde 2002 com esperança de mudanças. A esperança no Pt, contudo, tem caído.
Dilma terminou os dois turnos com menos votos do que teve em 2010,
destacadamente no primeiro turno, que são os votos realmente petistas.
O PSDb, que
também falou de mudança, teve resultados estranhos, decadentes por um lado, com
sabor de vitória por outro. No primeiro turno, só com 34 milhões de votos,
ficou 5 milhões de votos abaixo do que teve com Alckmin em 2006, quando o
eleitorado era bem menor. Decadência enorme! Porém, não sentiu a perda, pois só
de conseguir chegar ao segundo turno, sendo que essa vaga estava em disputa,
fez a derrota parecer uma vitória. Os tucanos comemoraram nas ruas, e os
petistas, que realmente tinham vencido, não só com 8 milhões de votos à frente,
mas porque o candidato tucano era muito mais fácil de derrotar que a candidata
do PSB, ficaram amuados, amedrontados, sentiram-se derrotados. Já no segundo
turno, os tucanos chegaram a 51 milhões de votos, 8 milhões a mais que Serra em
2010. Fica claro que esses 16 milhões de votos que ganharam foram o “voto útil”
anti-Pt. O fato do candidato tucano ter perdido em Minas e no Rio de Janeiro,
seu estado oficial e seu estado de fato, onde o eleitorado de Marina tendeu
mais para o Pt, mostra o quanto esses 16 milhões do segundo turno foram “voto
útil”, pois foram sobretudo em estados que não conheciam tão bem o candidato
tucano. Aliás, eis ai a maior derrota do candidato tucano, ter perdido em
Minas, onde também perdeu o governo do estado e a maioria da Assembléia
Legislativa. Os 34 milhões do primeiro turno são a decrescente força tucana, já
os outros 16 milhões são pessoas que simplesmente acreditavam que isso seria
mudança, e que já não vêem mudança nenhuma no Pt. Claro, entre esses 16 milhões
muitos acreditaram nas mesmas mentiras, são dominados de fato pela mesma
ideologia, que os tucanos fiéis.
Um
indicador que tem sido escondido e contra o qual ambos os candidatos que foram
ao segundo turno usaram a polarização e o tensionamento, incluindo as pesquisas
falsas, foi o abstencionismo, que pouco mudou de um turno para outro. Dos 140
milhões de eleitores, 38 milhões ou não compareceram, ou votam branco, ou nulo,
sendo o voto obrigatório. É o maior abstencionismo sob a Constituição de 1988,
indicando novamente a vontade de mudança. Sem a polarização esse total poderia
ter crescido assustadoramente, desmoralizando ambos os candidatos, o que
corresponderia perfeitamente ao sentimento do povo. Afinal, Dilma teve somente
42 milhões e Aécio 34 milhões no primeiro turno, crescendo, ela 12 milhões, e
ele 16 milhões no segundo turno. Para esse crescimento de ambos contribuiu o
acirramento, a polarização que foi criada. 28 milhões de brasileiros, que no
primeiro turno não queriam nem um, nem outro, no segundo turno votaram contra
ela ou contra ele. A técnica de gerar polarização funcionou. A desmoralização
de perder para os nulos foi evitada por ambos.
Nem do
bipartidarismo em que o país está mergulhado há 20 anos, nós nos livramos!
Afirma-se que o Congresso Nacional ficará mais conservador que o atual. Isso é
fruto da descrença na política, que não atinge a votação dos candidatos que se
elegem pelo poder financeiro ou outras sujeiras. Pelo contrário, a descrença
até aumenta o comércio de votos. Ou seja, o Congresso não reflete a sociedade,
pelo contrário, cada dia se distancia mais do povo, e de uma das próximas vezes
que for cercado por uma multidão incontrolável talvez vire cinzas. Não existe
“onda conservadora”, o que existe é a decadência de uma fase da história da
República, de um desenho de poder estabelecido em 1988, que caiu em descrença.
A sensação de não mudança, somada à crise econômica mundial e à não solução dos
problemas nacionais inauguram tempos conflituosos. As eleições fracassaram
totalmente em representar o sentimento de mudança do povo. Isso terá um preço
para o regime político.
Por que um
eleitorado que deseja mudanças vota como votou? Como já dissemos, mudança pode
significar muitas coisas diferentes, tanto que está expressa nos três blocos em
que o eleitorado se separou no segundo turno. Nessas eleições um dos motivos
que mais diferenciam as perspectivas das pessoas revelou-se em toda a sua força
– as classes sociais e suas ideologias. Existe uma parcela da intelectualidade
que quer fazer as classes desaparecerem por força da negação. Devem tomar
cuidado, podem até ter problemas psicológicos por conta dessa mania de negar a
realidade. Não há como entender nada dessas eleições se se negar a existência
das classes.
A
polarização que se criou, as mentiras criadas dos dois lados, só fazem sentido
porque existem classes sociais. Candidatos muito parecidos, ambos corruptos,
ambos mentirosos, ambos pagos pelos mesmos banqueiros, ambos cercados de gente
suja, ambos medíocres em suas trajetórias recentes e propostas. Mas para os
adversários de um lado e de outro era como se fossem inimigos temíveis, capazes
de levar o Brasil ao socialismo ou ao fascismo. Ora, o que se lê por trás
desses discursos amedrontados é sentimento de classe. O que faz os tucanos
serem contra um governo que é imitação do deles? O que faz os petistas temerem
um governo que eles imitam? Pergunto sobre as bases, claro, porque os políticos
temem é perder seus empregos ou serem pegos em suas roubalheiras. Ora, o que
ambos temem é só a classe adversária. Os tucanos não gostam do Pt
exclusivamente porque a base social petista é o proletariado, e os petistas
aceitam melhor esse partido que o PSDb (apesar de pouco diferirem) porque a
base social do PSDb são burgueses e pequeno-burgueses que posam de burgueses.
Para justificarem postura tão inconfessável inventam e inflam as pequenas
diferenças. São como uma pessoa que tem problemas tão traumatizantes que cria
uma história imaginária para representá-los e apagá-los. Como as pessoas (mesmo
as normais e sem grandes traumas) têm suas memórias alteradas pelo próprio
cérebro de forma a serem toleráveis, as classes sociais têm também suas
ideologias. Como confessar que não se tolera um candidato porque ele é patrão,
é o candidato do seu patrão, ou como confessar que se vota em um candidato
porque assim seu empregado ganhará aumentos menores, talvez até perca direitos?
Há que se inventar outros motivos ou se falar com eufemismos.
Nota-se que
não estamos usando ideologia com o sentido que foi usado por Lênin, que tratava
de estimular a luta ideológica, ou seja, a difusão da ciência socialista entre
o proletariado. Concordamos com essa necessidade, mas estamos falando aqui de
outra coisa. Estamos usando o termo como Marx o utilizava, ou seja, não como o
que desejamos que seja a ideologia proletária, mas como o que ela realmente é.
O proletariado brasileiro, a grande maioria do eleitorado petista, tem como
centro de seu pensamento o cristianismo verdadeiro, de Cristo, que era
igualitarista. Acreditam os brasileiros que “Jesus foi o primeiro comunista”, e
por completa falta de estudos acham que o igualitarismo de Cristo é a mesma
coisa que o comunismo de Karl Marx. É interessante que a burguesia brasileira e
pequena-burguesia tucanas acreditam na mesma mentira. As piadas de comunistas
da direita brasileira revelam que no nível de compreensão deles o marxismo é
igualitarista, é idêntico ao cristianismo de Cristo. Mas a direita brasileira
não seria cristã? Acontece que para a direita cristianismo é o catolicismo
romano, anti-cristão por completo, incluindo as igrejas protestantes, que na
verdade são muito mais parecidas com o catolicismo que com o cristianismo. A
direita não reconhece Cristo como “o primeiro comunista”, e nem toca no assunto
de que ele era igualitarista. Ao menos nesse pequeno ponto os proletas estão mais
bem informados que os burgueses, sobre o cristianismo, do qual contudo também
sabem muito pouco. Nota-se que o nível de compreensão do povo, mesmo dividido
em classes, é semelhante, é o senso comum.
Que as
classes sociais as vezes atuem contra seus interesses é coisa velha. Exemplo
clássico é a nobreza francesa, responsável por iniciar a Revolução Francesa que
a levou à guilhotina. Os nobres franceses não compreendiam que o regime político
que tinham correspondia à sua conservação enquanto classe dominante. Não
aceitaram pagar impostos e se revoltaram contra o Rei. Desmoralizaram o Rei que
era seu escudo, e caminharam sozinhos para a guilhotina. Marx notou como a
política é invertida, e como as classes muitas vezes, enganadas por suas
ideologias, fazem o oposto do que seria saudável para elas. Naturalmente, uma
classe só poderia se livrar de suas ilusões se atingisse o conhecimento
científico, mas não existe na história humana momento em que as massas tenham
atingido o conhecimento científico. As massas praticamente sempre têm um senso
comum muito aquém da ciência. Aliás, para as massas ciência é o que elas
aprendem nas escolas, ou seja, é um conhecimento pronto, uma verdade, ou seja,
as pessoas em geral não sabem nem o que é a ciência em si.
Assim,
sobretudo a burguesia e a pequena-burguesia, as classes brasileiras têm atuado
contra seus próprios interesses. Na verdade, muitas vezes os interesses mais
imediatos, e menos importantes, se impõem aos interesses maiores, e por isso
mais distantes e menos compreensíveis. Vamos ao caso da burguesia. Claro que
setores mais pragmáticos e inteligentes da burguesia ficaram com o Pt, como se
nota pelo financiamento desse partido, assim como pela presença entre seus
eleitores dos Maluf, dos Sarney, dos Collor, da bancada ruralista etc. Mas a
massa da burguesia, que é exatamente a burguesia que não é ligada diretamente
ao poder, ficou com o PSDb. Ora, o candidato do PSDb chegou a declarar que o
Mercosul deve acabar!?! Praticamente o Mercosul é o único mercado externo que
as indústrias brasileiras têm. Como pode interessar à burguesia ou à
pequena-burguesia, com exceção de pequenos setores importadores, o fim do
Mercosul? Ele deu outros exemplos de que, na verdade, só seria bom para
interesses externos. Fato é que no Brasil ainda existe um partido
anti-nacional. As diferenças entre o povo brasileiro e o velho Partido
Português, nunca resolvidas, vira e mexe parecem sair do túmulo e puxar nossos
pés. Por herança, a burguesia brasileira tem em sua ideologia toda uma crença
anti-nacional, entreguista, colonial, e mistura isso com seus interesses reais.
Depois da derrota eleitoral as bases tucanas chegaram a pregar o separatismo,
completamente contra seus interesses reais. Não foi somente uma piada, refletiu
velho sentimento anti-nordestino que grassa em São Paulo. Novamente, o ódio é
de classe, pois os nordestinos são boa parte da força de trabalho de São Paulo.
Claramente, paulistas, sobretudo burgueses, deviam adorar os nordestinos, dos
quais exploram o trabalho, e amar o nordeste, mercado consumidor de seus
produtos e fornecedor de matérias primas. Pode-se dizer que a riqueza de São
Paulo se chama Nordeste. Contudo, a ideologia é mais forte que a razão. Um burguês
não pode conviver com a compreensão de que explora o trabalho alheio, e
portanto o nordestino o faz pensar em coisas das quais não gosta, daí tem raiva
do nordestino, e camufla essa raiva com motivos banais. Claro, muitos
proletários vêem nos nordestinos o concorrente, como acontece em qualquer local
que recebe muitos imigrantes, e isso é largamente usado pela direita.
O caso da
pequena-burguesia é sempre triste. Estranha classe, plural, extremamente
sub-dividida, economicamente não é a mais pobre, é mais rica que o
proletariado, mas do ponto de vista existencial é a mais mal tratada das
classes. A pequena-burguesia está destinada a ser proletarizada, eis o ponto.
Categoria por categoria é privada da capacidade de existir por conta própria e
forçada a se tornar força de trabalho assalariada. Assim, o natural da
pequena-burguesia é temer tudo e todos, e daí balançar de um lado para outro.
Naturalmente, só com a maioria da burguesia os tucanos não chegariam a 51
milhões de votos. Claro que nesses milhões há proletários, lupen-proletários
etc., mas o que mais se encontra ai são pequeno-burgueses. A pequena-burguesia
não é uma burguesia pequena, embora o deseje. O termo me parece ter sido criado
de forma irônica, usando petit, em
francês. É uma classe ironizável. Não terá salvação nem um nem em outro lado,
será proletarizada, pois é assim que o mercado funciona. Exemplo forte que
apareceu nessas eleições são os médicos. Nas capitais muitos médicos já estão
proletarizados, enquanto uns poucos tornaram-se burgueses, donos de grandes
redes de hospitais. No interior esse processo está em curso. Paralelamente a
isso o governo federal, diante da demanda popular, da incapacidade de
multiplicar os médicos nacionais de um dia para outro, da incapacidade política
de criar uma carreira nacional para os médicos, e de uma generosa oferta
cubana, resolver trazer médicos estrangeiros. Os médicos brasileiros,
naturalmente, caíram na armadilha petista, ficaram furiosos, foram
estigmatizados, e muitos acabaram caindo nos colos dos tucanos. O candidato
tucano teve a inteligência de abraçar a bandeira justa dos médicos, de criação
de uma carreira nacional para o setor, que resolveria definitivamente o
problema das cidades sem médicos. Porém, assim como o Pt já fez essa proposta no
passado e não cumpriu, o PSDb também não poderia cumprir se tivesse vencido,
pois os donos de hospitais são parte física da bancada parlamentar deles. Não
há salvação para a pequena-burguesia enquanto pequena-burguesia. Uns poucos se
tornam burgueses, a maioria é proletarizada. Essa classe não acaba porque
surgem sempre novas categorias inteiras de pequeno-burgueses, pela força do
mercado. Só para algumas décadas depois serem engolidas pelos burgueses. É uma
classe sempre disputada pelas demais, seja como presa econômica, seja como
anexação política.
A
valorização do salário mínimo, que torna fiéis muitos eleitores ao Pt, é também
o que torna muitos eleitores pequeno-burgueses anti-Pt, sem poderem confessar
esse motivo, por ser torpe. Sabemos que os salários voltam ao mercado,
comprando coisas, e portanto aumentam os lucros das empresas, pequenas ou
grandes, mas estamos diante de um dos casos em que os interesses imediatos,
menores, são mais fortes que os interesses maiores, mais importantes. Na
verdade, para o empresário xucro (não estou dizendo que todos são) ou de alguns
setores mais distantes do consumo popular é muito fácil ver os custos dos
salários, e muito difícil ligar o aumento das vendas ao aumento dos salários.
Interessante
é que a valorização do salário mínimo divide os trabalhadores. Na base
eleitoral petista, majoritariamente proletária, existe uma massa que recebe o
salário mínimo, mas existem também membros da chamada aristocracia operária,
que recebem muito mais que um salário mínimo, com destaque para os setores que
têm dependido de incentivos governamentais para manter o nível de empregos.
Porém, a valorização do salário mínimo gera aumentos dos preços, e muitos
proletários dos que ganham mais de um salário não conseguem reajustes iguais ao
do mínimo. Nesse caso, perdem poder de compra real. È interessante também
porque são exatamente setores mais organizados, que por isso conseguiram
salários maiores que o mínimo. Por serem os setores mais organizados e mais
instruídos do proletariado, talvez entre eles possa se desenvolver o socialismo
marxista, superando o socialismo cristão que é dominante no Brasil. Nessa parte
do proletariado deve-se encontrar muitos dos 38 milhões de votos nulos, pessoas
que por algum motivo não se encaixaram nos discursos ideológicos, ou por ver
através deles, desconstruí-los, ou por não ter interesse nenhum em acreditar
neles. Também devem vir desse setor a maioria dos votos dos partidos à esquerda
do governo. Ademais, se existe um estado onde a valorização do salário mínimo
não beneficia quase nenhum trabalhador é São Paulo, onde os salários mínimos
reais precisam estar muito acima do mínimo oficial, por força do custo de vida.
Os petistas
comemoraram a vitória eleitoral apertada, com muito mais empolgação do que comemoraram
a vitória de Lula em 2002. Acreditam os petistas que o maior inimigo do
proletariado é o PSDb, que já fez mesmo muito mal à nação e sobretudo aos
trabalhadores, mas estão enganados. Na verdade, se o Pt ainda tem um motivo
para existir é a existência de um partido anti-nacional. Se Dilma subiu de 42
para 54 milhões de votos foi graças ao PSDb. Se militantes voluntários foram às
ruas no segundo turno pedir votos para Dilma foi graças ao PSDb. Os líderes
petistas sabem disso, tanto que fizeram de tudo para Aécio e não Marina ir para
o segundo turno. O Pt manteve o PSDb vivo, porque vive dele. É o Pt, e não o
PSDb, o maior inimigo dos trabalhadores. É o Pt que se infiltrou, parasitou e
daí esvaziou os Sindicatos em todo o país. É o Pt que usa a força do
proletariado, seus votos, suas cores, seus símbolos, suas esperanças, para
dominar a República e saqueá-la tal e qual as elites sempre fizeram. O Pt
desmoraliza, com sua existência corrupta, os trabalhadores. Confunde-os, faz de
tudo para mantê-los desinformados e desorganizados, para continuarem seus
reféns. Enquanto o Pt existir com a força que tem entre o proletariado
brasileiro, não existe possibilidade nenhuma de se avançar para o socialismo.
Na verdade, como bem sabem os Sarney, Malufs, Newtons Cardosos, Katias Abreus e
Collors o Pt é o maior e melhor escudo com que conta o capitalismo brasileiro.
O
proletariado venceu, mas como está enganado não vai ganhar quase nada com isso,
e a burguesia perdeu, mas como também está enganada, deu sorte, manteve o
Brasil firme nos eixos capitalistas. Se a burguesia tivesse vencido, teria
perdido na prática, mas o proletariado teria perdido junto, porque o partido
anti-nacional responde a interesses externos. A burguesia teria perdido
mercados, e o proletariado portanto perderia empregos e daí sofreria mais
arrocho salarial.
Apesar de
ter sido uma vitória de Pirro, a vitória do proletariado desespera a burguesia
porque mostra a sua força. Contra todas as TVs abertas, contra todos os jornais
diários, contra os maiores fornecedores gratuitos de e-mails, contra a
propaganda acirrada do Facebook (não dos usuários, mas do programa), contra
todos os meios locais da burguesia, o proletariado ainda venceu, depois de 12
anos de um governo desgastante e vergonhoso. As armas que no passado eram
suficientes para a burguesia, agora não são mais. O que sustenta políticamente
o capitalismo agora é o Pt, um instrumento do qual a burguesia desconfia e não
entende direito.
As
eleições, mesmo no segundo turno, mostraram que o povo quer mudança, para
alguns mudança era a troca de um partido por outro, para outros mudança é que
“a política” toda mude, e para outros mudança é a ampliação de programas
assistenciais de acordo com a caridade cristã. As eleições, contudo, em seus
resultados, não proporcionaram nada disso, porque nunca servem para isso. As
classes sociais estão tensas desde Junho, quando se enfrentaram nas ruas, e
isso acontece porque o regime político está em crise, não se suporta mais “a
política” atual, portanto algo deve vir a seguir, outra “política”, daí o temor
de todos os lados, e do temor vem a atuação desesperada e irracional.
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