ANÁLISE: CAOS NA EDUCAÇÃO

São João Del Rei, assim como a maioria das cidades brasileiras, vive um imenso caos na educação. Visualizamos mais caos já que estamos seguindo falsos discursos nessa área. Vamos a um breve resumo que não dá conta do conjunto da situação deplorável em que se encontra a educação no Brasil da Copa.

Em primeiro lugar, lembremos que os partidos da ordem, este ou aquele, diferem em perfumarias e conciliam no caminho da destruição do sistema de educação que temos. No discurso, os partidos da ordem lisonjeiam o povo com simulacros de inovações pedagógicas e na prática seguem a lógica liberal da redução do que eles chamam de "custo aluno". E o fazem impondo suas despolíticas contra as propostas dos professores, esses que detém a minha esperança de "educar" a classe política quando se fala em educação.
No município, o atual prefeito falhou em sua tentativa de implantar o modelo de aprovação automática, proposta claramente rejeitada pelos educadores. Noutro ponto, o prefeito descumpriu promessa de campanha de colocar a secretária de educação segundo indicação da categoria, algo que colocaria o professorado em destaque para a efetivação das políticas da educação. Ao contrário disso, os regulamentos continuam a defender a secretaria de educação em desfavor do que pensa o professorado via diretores, estes que se colocam a cumprir as ordens impostas pela secretaria de educação.
Em abril, a categoria dos educadores mobilizou uma greve reivindicando melhores salários para a categoria e o piso nacional para os professores, além da construção do plano de cargos e salários, já que servidores da educação ganham abaixo do salário mínimo e os professores presenciaram a incapacidade da prefeitura em sustentar a lei do piso, desvelando a demagogia do governo federal (ambos de mesmo partido) quando da instalação da dita lei.
Atualmente, em princípios de junho, estourou o prazo que o prefeito pediu para incorporar o aumento para os educadores: promessa não cumprida. O plano de cargos e salários circulou no sindicato dos servidores e recentemente foi repassado para o sindicato dos educadores e está em análise. As esperanças da categoria repousam na pronta aprovação do poder público após a discussão do sindicato com a categoria e uma eventual contra-proposta. Com isso, o prefeito ganha tempo após descumprir sua palavra e a categoria perde no reajuste.
A nível estadual, os professores estão em greve desde 25 de maio, também reivindicando a lei do piso nacional para os professores e outras questões não menos relevantes. Em São João Del Rei a adesão da categoria foi irrisória, uma vez que o governo estadual usa todo seu arsenal para enfrentar os professores: o governo tucano conseguiu descontar no contra-cheque os dias de greve do professor, além das constantes ameaças de demissão em caso de contratados e os do estágio probatório e a pressão exercita por diretores, esses declaradamente agentes do governo, porque são cargos de confiança, para destruir os professores e a educação como um todo.
Além de defender o piso nacional, os educadores beiram o desespero ao tentar montar a resistência contra o esfacelamento do modelo atual de educação, sem visualizar uma direção alentadora em seu lugar. Que fique claro que eu não conheço professores conscientes que conseguem razoadamente defender as mudanças impostas pelos tucanos contra a educação. Nessa luta, os regulamentos tucanos são impostos contra a vontade do professor e me impressiona ainda a propaganda do governo mineiro sobre a educação, trazendo resultados em provas forjadas comparadas com outros Estados. Ou seja, para eles deve-se continuar na mesma direção do precipício!
Nesse ano eleitoral, o governo tucano reduziu drasticamente o número de profissionais que trabalham nas escolas (serventes, auxiliares em geral e de biblioteca, cantineiras, entre outros) e absurdamente entulhou os alunos nas salas de aula, com o mínimo de, pasmem, 35 alunos por turma no ensino médio! Sabemos de escolas que são chamadas de referência que conta com salas de aproximadamente 50 alunos!!! Turmas estão sendo fechadas para isso e a resolução procura acabar com o ensino noturno a força!
Voltemos a lembrar que o governo estadual e tucano insiste em manter a famigerada progressão continuada que, na prática, diz para o aluno que ele não mais reprova de ano. Acabaram com os boletins e as notas! Quantos alunos tem maturidade intelectual para estudarem deliberadamente sem precisarem comprovar resultados?
Lembremos ainda que dificulta-se as medidas disciplinares para o aluno que está obrigado a permanecer em sala de aula sem a obrigação na prática de estudar. Soma-se a uma sala caótica, o fato de alunos portadores de necessidades especiais juntarem-se a isso, por vezes, sem professores-apoio e em detrimento dos investimentos nas APAE's. E nos querem dizer que o caos instala-se por culpa do aluno ou, principalmente, do professor!
Não há argumentos políticos que defendam um melhor estudo do aluno sem a cobrança de resultados, porque tal política é o inverso do que os tucanos fazem com os professores e sem lhes oferecerem nada além do giz e, por vezes, do livro didático; qualquer outra coisa fica na conta do professor. Ou seja, cobra-se o retorno do trabalho com o acordo de resultados que pressiona os professores somente a aprenderem a esquecer a realidade em que estão e a forjar documentos empacotados para a propaganda oficial da campanha eleitoral. A pressão burocrática e dos diretores fazem o cumprimento dos acordos de resultados aparecerem na marra!
A propaganda oficial do Estado conta ainda com o desordenado reinventando o ensino médio, uma vez que não há recursos pedagógicos pré-estabelecidos e profissionais preparados para isso adequadamente. São simulacros que, se bem enfeitados, rendem uma propaganda. Trata-se de disciplinas com intuito profissionalizante em detrimento da formação humana e cidadã do alunado. O governo estadual tenta moldar mão-de-obra inerte antes dos alunos se tornarem cidadãos conscientes de seus papeis na sociedade porque isso resulta em reação aos graves problemas estruturais que a sociedade apresenta, inclusive no próprio mundo do trabalho, e que os partidos da ordem se esquivam em atacar ou, ao menos, apontarem na direção da solução destes problemas.
O caos instala-se! Os discursos oficiais dos partidos da ordem pregam uma necessidade de mudança no modelo escolar e apontam necessariamente para reduzirem ao mínimo o “custo-aluno”, contra as propostas dos profissionais da área. Os professores não conseguem se colocar politicamente no lugar central em que ocupam na educação e ficam com o fardo sozinhos de carregarem a esperança de transformar o Brasil sem poderem escolher o caminho para isso. Difícil está manter o mínimo dos investimentos em educação com o cumprimento da lei do piso nacional para os professores e 10% do PIB para a educação pública para começarmos a discutir decentemente a educação. Não há solução que não enfrente o poder político parasitário e dominante, interessados na manutenção da ordem, que atinge não só a educação mas os principais setores da base da sociedade brasileira!

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