Discussão sobre as enchentes revela problema crônico da prefeitura

Na última reunião da câmara de São João Del Rei o debate entre os vereadores sobre a ineficiência do município em enfrentar as enchentes anuais revelou um problema crônico da prefeitura: a falta de organização do funcionalismo público municipal ou a organização proposital para cabides de emprego.
O caso ocorreu quando o vereador Apolinário tentou defender a prefeitura utilizando do surrado jargão: 'criticar é fácil, difícil é fazer' dizendo que a secretaria de obras conta com apenas três pedreiros concursados. A sua assertiva jogou contra a prefeitura, uma vez que outro vereador cortou a fala e gritou o número de 1152, que são os funcionários pendurados na prefeitura atualmente.
Retrato atual do organograma de funções na prefeitura.
Há vereadores que dizem faltar aparelhos do Estado para enfrentar as enchentes anuais, como diz Stefânio que defende a contratação de mais engenheiros um para cada secretaria ou a promoção da coordenadoria de defesa civil para secretaria de defesa civil, como diz o cabo Zanolla. Interessante notar que defendem mais cargos na prefeitura sem buscar planilhas de custo, apresentar organograma de cargos e divisão de tarefas das secretarias ou coordenadorias, num momento em que o prefeito alardeia a herança da bagunça no seu mandato.
A seguir pelos princípios que rondam a prefeitura, as enchentes anuais servirão apenas para justificar mais aparelhismos, indicações de cargos aos cabos eleitorais e uma estrutura de chefes sem terem a quem mandar! A seguir pelos princípios do nosso sistema, as enchentes servirão para liberação de verbas de parlamentares que não sabemos a sua destinação porque não vemos obras de vulto no município, palco para ações políticas caridosas de quem quer aparecer com assistencialismos urgentes e coisas que se repetirão no ano que vem. Por parte do poder público não há plano sério para tratar das enchentes anuais em São João Del Rei.

Comentários

A principal razão desse problema é a falta de políticas de habitação e saneamento. A natureza pode contribuir, mas o nível do impacto é pior quando há falta de políticas públicas. Às vezes o poder público aceita que não há muita coisa a fazer (ainda mais em cidades impermeabilizadas que canalizaram seus rios e córregos achando que isso era sinal de modernidade), assumindo que catástrofes são inevitáveis, tornando-se um gerente de catástrofe e correndo o risco de não ser eleito ou reeleito. Chegam a colocar a culpa na culpa na meteorologia, mas se os governantes não tomarem providências, todo ano vai ser a mesma coisa: enchentes, ruas e casas alagadas, deslizamentos. E não estou me referindo a sistemas de alertas e sim de políticas públicas adequadas, saneamento, contenção de encostas, dragagem de rios, limpeza de vias, tratamento adequado do lixo...