Perigo de guerra mundial: EUA querem atacar Síria, e Rússia planeja responder atacando Arábia Saudita
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Frotilha russa na Síria |
A princípio o anúncio russo de que planeja um ataque maciço contra a Arábia Saudita parece tão absurdo quanto o anúncio estadunidense de que pretende bombardear a Síria. Em todos os dois casos, causas humanitárias são alegadas, mas em ambos está em jogo o fornecimento de gás natural para a Europa, e portanto o poder total sobre essa grande península eurasiana, que não pode passar nem um só inverno sem esse fornecimento.
O anúncio russo foi na verdade bastante inteligente, e talvez tenha mais efeito que seus vetos no Conselho de Segurança da ONU, que não vale nada porque os EUA já esbulharam esse órgão dezenas de vezes, e mesmo que sua frotilha ancorada nos portos sírios, e que não se sabe se vai responder o fogo ocidental ou se vai permanecer impassiva diante do bombardeio dos EUA. Trata-se de um raciocínio bem russo. Os ocidentais querem dominar a Síria para poderem construir um gasoduto entre a Arábia Saudita e a Europa que poderia concorrer com o gasoduto russo, que hoje monopoliza esse mercado. Então os russos estão informando ao mundo que caso se inicie o ataque ocidental incendiarão as fontes de gás natural sauditas, tornando o gasoduto planejado inútil.
Além de explodir a guerra, explodiria o preço do petróleo, o que beneficiaria a Rússia, que é exportadora, concorrente direta da Arábia Saudita. Para os EUA e a Europa a Arábia Saudita é domínio estratégico central! Ambos são importadores de petróleo, e se ressentiriam muito da alta dos preços. Mais que isso, os reis sauditas têm sido sócios indispensáveis. Em momentos em que quase todos os países exportadores se somam para forçar altas nos preços, é a Arábia que tem, com sua imensa produção, imposto o preço desejado pelos EUA. Quase sempre os reis e príncipes sauditas têm formado ao lado das potências capitalistas ocidentais, mesmo contra outros árabes, outros muçulmanos, outros sunitas. Os russos nunca tiveram grandes esperanças de ganhar os sauditas para seu lado, mas na época da União Soviética nunca pensaram em algo tão absurdo quanto bombardear um país mais fraco e parcialmente mergulhado na idade média. Hoje, porém, sob governos capitalistas, eis que parece que os russos descobriram uma estratégia possível para lidar com esse concorrente.
A desculpa ocidental para o ataque é absurda, pior que a russa para atacar os sauditas. Os EUA alegam que o regime sírio tem utilizado armas químicas contra sua própria população, o que é bem improvável e irracional. Já a desculpa russa foi fornecida por um príncipe governante saudita, que ameaçou recrutar terroristas para cometer atentados contra os russos caso estes continuem apoiando a Síria.
Até agora a guerra na Síria já tinha envolvido o Líbano e mais ou menos a Turquia, o Irã, o Iraque e Israel. Agora EUA, Grã-Bretanha e França ameaçam entrar no conflito bombardeando a Síria. A Rússia ameaça entrar atacando a Arábia Saudita. Se as potências entrarem, os países mais ou menos envolvidos se envolverão por completo, e será muito difícil para a Jordânia, o Egito e a China ficarem de fora. Não é necessário explicar que a guerra também alimentará conflitos internos, como a guerra civil dos curdos contra o governo turco. Em resumo, vivemos o risco de uma nova guerra mundial, na qual vários atores têm bombas nucleares.
A insistência ocidental nessa guerra perigosíssima é sintoma de que a crise das potências ocidentais é bem mais profunda que o que se divulga. Ninguém está disposto a correr tanto risco sem uma forte necessidade. Basta dizer que o gasoduto que querem passar pela Síria levaria anos, depois da guerra, para ser construído, de forma que os russos poderiam derrotar a Europa pelo frio, simplesmente cortando o fornecimento de gás, que aliás também deixaria grande parte do continente sem energia elétrica.
Esperemos que a ameaça russa surta efeito e evite o pior. Porém, se a guerra começar, parece-me que as potências ocidentais caíram em uma armadilha que elas mesmas armaram.
Atualizações:
O Parlamento inglês decidiu não permitir ao governo britânico entrar nessa guerra.
O governo egípcio barrou naus de guerra da OTAN que tentavam atravessar o Canal de Suez para chegar à Síria.
Os comunicados russos indicam que os navios de guerra russos podem se envolver em batalha com os navios da OTAN caso esta realmente ataque e mais navios estão a caminho.
Comentários
Brasil se meter???????? WTF
n da conta nem dos trombadinha em brasilia e nas ruas imagine uma GUERRA...
Pela busca incessante de suprimentos de energia as nações foram à guerra em 1939, envolvendo a maioria dos países. Em 1945 a energia mundial ficou sob o controle hegemônico dos EU e da URSS. Hoje alguns dos países ditos ricos não estão conseguindo fornecer energia suficiente a seus povos. Isso atormenta os governos dessas nações que apelam ao comando irracional do aliado americano. A solução encontrada foi a de democratizar as reservas árabes de fósseis e distribuir com quem precisa. O plano foi posto em prática pelos EU, UK e França, varrendo do mapa a soberania iraquiana, para depois financiar a primavera árabe, espalhando a miséria e o horror no norte da África, dizimando a política da Líbia. Não parou por ai. Investiram contra os árabes asiáticos peitando com interesses soviéticos na Síria. Surgiu o impasse que poderá levar a 3ª Guerra Mundial convencional. Guerra convencional porque nenhuma nação terá coragem de detonar o 1º artefato nuclear. A França e os EU não sofreriam com uma 3ª War Wold: são autossuficientes em energia elétrica. A Rússia também não sofreria em razão do general inverno sempre a seu favor. A China e o Japão voltariam a idade média. Os países da América sobreviverias sem grandes perdas. O resto: países subsaarianos, índia, Paquistão, e os demais asiáticos sucumbiriam a fome.
Camarada;
I - Faltou mencionar o papel do Irã nesta trama da geopolítica internacional. Aliado da Síria, o Governo de Teerã sabe que poderá ser o próximo da lista.
II - Em um quadro de CRI$E, este conflito pode gerar um novo cenário internacional.
Saudações Comunistas!
Tulio Lopes
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