Brasil tem somente 47 milhões de empregos formais para 180 milhões de habitantes - Mas para governo e imprensa o desemprego nunca foi tão baixo!

Indiscutivelmente, dentre os 180 milhões de brasileiros, muitos são aposentados ou menores de idade. A população economicamente ativa chega a 79 milhões, mantendo de fora mais de 100 milhões de brasileiros! Dos 180 milhões, 45% estão abaixo de 20 anos, e 7% acima de 60 anos, ou seja, mesmo se nossos jovens estivessem todos na escola, livres do mercado de trabalho, e se todos os nossos maiores de 60 anos estivessem igualmente livres, o que sabemos que não é verdade, ambos disputam o pão de cada dia, ainda assim teríamos que ocupar mais 10 milhões de adultos! Como na verdade jovens e anciãos também precisam trabalhar, só podemos afirmar que o desemprego é muito maior que as cifras oficiais.



Em São João del Rei o problema é ainda maior, pois aqui só temos 20 mil empregos formais para quase 90 mil habitantes, ou seja, abaixo da média nacional. Essa situação dificilmente será solucionada pelo mercado. É o desemprego que mantem os salários tão baixos quanto é possível, e o possível varia de cidade para cidade conforme o mínimo para que o trabalhador consiga sobreviver e chegar ao trabalho.

É interessante notar que um país desse tamanho, com 180 milhões de bocas para alimentar, vestir e abrigar, possa ser mantido por somente 80 milhões de trabalhadores, ainda mal equipados e quase todos mal pagos. São suficientes e ainda produzem enormes sobras! Se existe miséria, pobreza, falta de tudo, não é porque se produz pouco, é porque se distribui mal, nacional e internacionalmente, o que hoje em dia são coisas completamente interligadas. Em outras palavras, nossa tecnologia já atingiu um patamar que permite uma vida boa e sossegada para todos os brasileiros, mas nosso modelo econômico é uma fábrica de caos e problemas.

O desemprego é uma decisão política, ele pode ser multiplicado ou reduzido conforme resolverem os governantes. Durante a década de 70 a decisão foi criar empregos, achatando os salários pela força. Na década de 90 a decisão foi reduzir dezenas de milhões de postos de trabalho, o que foi feito com privatizações, demissões voluntárias e com a abertura do mercado para produtos estrangeiros que quebraram diversas de nossas indústrias, então os salários se achataram por lei do mercado.

Naturalmente, essa política de manter dezenas de milhões sem trabalho, além de cruel, é irresponsável, multiplicando os problemas de criminalidade, mendicância, prostituição etc. A desculpa do governo para essa política é o chamado monetarismo, ou seja, a lenda segundo a qual imprimir dinheiro gera inflação. Obviamente, a questão não o quanto se imprime de dinheiro, mas para que o dinheiro é usado. Se pari passu ao aumento da massa de salários aumentar a produção, não haverá inflação nenhuma! E onde precisamos que o governo crie mais empresas se não na produção?

Naturalmente, o poder do governo para criar empregos é descricionário. Por exemplo, leis poderiam facilmente obrigar todos os bancos particulares e todas as lotéricas a duplicarem seus funcionários e proibi-los de reduzir seu número daí em diante, visto que o lucro dos bancos e da jogatina são enormes, semicriminosos, e portanto não se disporiam a fechar as portas e diante de um governo forte não se arriscariam a desafiá-lo, a não ser na justiça. Como quase todas as loterias são da Caixa Econômica Federal, um banco do governo, as lotéricas não se arriscariam nem a isso.

Contudo, o bem estar econômico não se reduz a postos de trabalho. Pelo contrário, as coisas mais importantes não são postos de trabalho, mas os serviços públicos que existem e que não existem. Temos um sistema da saúde carente de médicos e de tudo o mais; um sistema de educação que só cumpre estatísticas, prendendo as crianças que no entanto não aprendem nada; faltam esportes e cultura, diversão de todo tipo, de forma que os trabalhadores, em sua maioria jovens, depois do trabalho só têm para se divertirem o botequim e a boca de fumo. Nem é preciso dizer que São João del Rei é também recordista na falta de espaços públicos.

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