Chapa completa de deputados em 2014

Se as leis eleitorais não mudarem, precisamos, desde já, construir a unidade entre as forças socialistas para 2014, formar uma chapa completa de deputados federais, e se possível também de deputados estaduais. O eixo central dessa aliança já existe em São João del Rei e em diversas cidades mineiras, é a aliança PSOL, PSTU, PCB. Mas defendo (eu, Alex Lombello Amaral) que sejam convidados o PCR, o PPL, as Brigadas, a Consulta e grupos isolados em cidades diversas, como o Partido Comunista de Borda da Mata.



O raciocínio é simples, dadas as regras eleitorais atuais, para termos chance de eleger alguém deputado federal por Minas Gerais, precisamos de 200 mil votos, ou seja, precisamos lançar uma chapa completa, creio que 106 candidatos, e mesmo assim precisamo que eles tenham uma média de 2 mil votos cada! Obviamente, isso só é possível se fizermos a aliança acima descrita e se os partidos envolvidos abrirem mão da estratégia de concentração.

A concentração de votos de todos os militantes de um determinado partido de todo um estado em um só candidato funciona quando se tem como aliado ou se é uma corrente de um partido grande, que ultrapassa em muito os 200 mil votos. Portanto, todos os partidos e correntes socialistas brasileiros, que hoje formam a oposição de esquerda, se acostumaram com a concentração em um candidato, e tentam fazer a mesma coisa agora, sem os votos do PT.

Os partidos terão também que abrir mão do exclusivismo. Naturalmente, lado a lado com a concentração de votos, os partidos e tendências tinham que aplicar o exclusivismo, ou seja, fazer campanha só para os próprios candidatos, mesmo que de regiões muito distantes, contrariando o eleitorado. Ou seja, são coligações só no papel e no cálculo, mas não agem como tal. O exemplo já era dado pelo PT, que fazia e faz horrores com seus aliados menores e tendencias minoritárias.

Precisamos de outra estratégia, que não seja um ringue entre os componentes da coligação. Precisamos lançar o maior número de candidatos possível, do maior número de cidades que for possível, tentando a chapa completa para deputados federais e estaduais. Precisamos não só permitir que em uma mesma cidade ou microrregião candidatos de diferentes partidos DA COLIGAÇÃO façam campanha juntos, a dobradinha, mas inclusive precisamos estimular isso, decidindo cidades onde isso deve ser feito.

Em outras palavras, precisamos utilizar TODOS os recursos, da forma mais eficiente possível. Em São João del Rei, por exemplo, se quisermos tentar atingir ao menos a média de votos necessária por candidato (em caso de chapa completa), ou seja, dois mil votos, precisaremos de todos os partidos da coligação, unidos e fazendo uma só campanha, dobrada de deputados federal e estadual. Sabemos disso porque estivemos unidos na campanha para a prefeitura, e tivemos cerca de 1900 votos. Outro exemplo, em Ipatinga, se em 2010 tivéssemos lançado um candidato a deputado federal de lá, o que na época me parecia errado e hoje me parece certo, teríamos tido muito mais votos para nossa chapa de deputados federais. Os camaradas de Ipatinga não precisariam ter feito campanha em dobro, mas só a mesma que fizeram.

Em outras palavras, não utilizamos nossos recursos da forma mais eficiente. Se continuarmos assim, Minas Gerais continuará sem um só deputado federal da oposição de esquerda. A dificuldade inicial é fechar a maior aliança, socialista, possível. Fortes rivalidades entre esses grupos, sobretudo em Belo Horizonte e outras capitais, dificultam essa aliança. Por exemplo, Consolação, do PSOL, teve 50 mil votos para prefeita, de forma que seria favorita caso fosse aplicada nossa proposta de nova estratégia. O PSTU, o PCB, as Brigadas, a Consulta, o PCR etc. estão dispostos a seguir essa estratégia mesmo sabendo desse favoritismo? Em que termos?

Mas formada a aliança teremos que vencer a resistência dentro de cada partido de forma que deixem de praticar a concentração e o exclusivismo e passem a atuar em coligação, pois teremos que formar chapa completa se quisermos ter chances, e atuar para valer em cada cidade. Em 2012, somados os votos de candidatos a prefeitos do PSOL, PCB e PSTU, atingimos 138 mil votos, atuando em somente 38 cidades de Minas Gerais. Podemos atingir os 200 mil votos, ou mais, mas temos que crescer e recrutar desde agora, além de já nos entendermos.

Comentários

Daniel Oliveira disse…
Acho interessante, mas pouco provável, já que a Consulta deu um giro na sua política, e abraçou de vez o governo federal, e deve vestir a camisa da Dilma pra valer em 2014, apoiando candidatos do PT que eles avaliam serem mais progressistas. As Brigadas devem ir a reboque da Consulta, já que se assemelham na formulação política e se diferem apenas minimamente no que tange à prática, no modo de agir. O PCR é uma incógnita, mas deve apoiar candidatos do PT ou tentar filiar militantes no PDT e PSOL.
Partido Comunista de Borda da Mata, sem comentários... (sic)
Agora, precisamos ver no que a criação da Rede vai inferir no PSOL. A Heloisa Helena já debandou, e tem pessoas desse partido que devem uma composição.
Se as coisas acontecerem como você aponta, será ótimo, mas minha vista alcança um cenário extremamente complicado em termos de composição da esquerda em 2014. Espero sinceramente me encontrar enganado ano que vem...
PCB Ipatinga disse…
Alex Lombello, o Daniel Cristiano tem que ser candidato a Deputado Estadual pq ele tem chances reais de vencer, e ter um comunista sério no parlamento mineiro é muito importante. E concordo q a Consola tenha q ser candidata a deputada federal e apostar todas as fichas nisso.

Alex - BH
Tanto para Consola quanto para qualquer outro, só teremos chances se conseguirmos montar chapa completa, espalhada pelo interior das Minas. Sobre as diversas forças, claro que seus caminhos podem ser previsíveis, mas devemos pensá-las em disputa. Para que abandonem a órbita petista, precisamos criar um polo socialista convidativo.
Sobre o "Partido Comunista de Borda da Mata", é o nome que eles mesmos se dão no blog deles. Acho apropriado, porque na verdade existem dezenas dessas células, isoladas umas das outras, umas com mais pretensão, outras com menos. Em outras palavras, o movimento comunista vive uma crise no Brasil, um momento de profundas transformações.