Com base na votação de candidatos a prefeitos do PCB, PSOL e
PSTU, em Minas Gerais, só se pode concluir que, se for adotada uma estratégia
eleitoral correta, de acordo com os princípios socialistas mas também com a
realidade do jogo eleitoral, uma coligação obteria os 200 mil votos necessários
para eleger um deputado federal e os 180 mil necessários para eleger um
estadual.
É simples, os votos que PSOL, PSTU e PCB obtiveram para
prefeitos são votos de eleitores muito politizados, que não se deixam levar
pelas idéias estúpidas do tipo “perder voto” ou votar no “menos ruim”. Esse
mesmo eleitorado, se apresentarmos uma estratégia eleitoral convincente, votará
novamente em nossos candidatos em 2014.
Foram lançados candidatos a prefeito por partidos da frente
em 38 cidades mineiras. Onde existe mais de um partido da frente aconteceram
coligações entre esses partidos, mas houve exceções. Contudo, na maioria desses
municípios só existe PSOL, e em uns poucos casos, porém estratégicos, só PSTU
ou só PCB. Deve-se notar que Minas
Gerais tem quase 900 municípios, mas a esquerda tem uma dificuldade antiga para
crescer nas pequenas e médias cidades mineiras, entre outros motivos por suas
estratégias e táticas incorretas. Mas deve-se lembrar sempre desse potencial
intocado.
Esses 38 candidatos a prefeitos somaram 138 mil votos! Sim,
isso é muito mais do que nossos partidos têm obtido em suas chapas de deputados
federais e estaduais somadas. Mas por que? Acredito que duas são as diferenças
maiores entre o quadro eleitoral da frente socialista nessas eleições
municipais e o que temos visto nas eleições gerais:
I – União – Para prefeito, em cada cidade, unimos as forças
de partidos e militantes, que se diferenciam em candidatos a vereadores, mas se
unem em torno desse ou daquele prefeito. As candidaturas de deputados da frente
socialista em 2006 foram como as da frente popular, cada um por si, cada
partido, cada grupo, cada candidato, fazendo campanha sozinhos, com os próprios
recursos.
II – Interiorização – Obviamente nas campanhas municipais
não é possível concentrar votos de todo o estado. A estratégia de concentração
de votos, usada pelos socialistas em pequenos partidos ou tendências enquanto
estavam coligados ao PT, não serve mais agora. Aliás, ela por anos atrapalhou o
crescimento desses partidos e tendências no interior do estado. Acontece que os
votos do interior são bairristas, e os mesmos militantes que conseguem 2 mil
votos para um candidato a prefeito não conseguirão nem 200 para um candidato a
deputado da capital. Ou seja, para conseguirmos somar os votos de legenda, os
camaradas do interior ajudariam muito mais lançando candidatos locais.
Qual a tática necessária para elegermos deputados da frente
socialista em Minas Gerais?
Precisamos lançar chapas completas! O mais importante é
eleger deputados federais, pois o número de deputados federais define um monte
de coisas, como tempo de TV e rádio, fundo partidário, presença em debates etc.
Em Minas Gerais, uma chapa completa são, eu acho, 106 candidatos a deputados
federais. Preenchida a chapa de deputados federais, devemos tentar preencher a
de deputados estaduais, 146 eu acho.
O ideal seria, não há dúvidas, que esses candidatos fossem
lançados no maior número de cidades possível! 138 mil votos vieram de 38
cidades, então por segurança devíamos dobrar o número de cidades com candidatos
nossos.
Nas capitais e grandes cidades, porém, é certo que cada partido
deve lançar seus candidatos a deputados federais e estaduais locais. As
dobradinhas funcionam melhor se forem locais, então não há porque, com tantas
vagas sobrando, cada partido não ter, em grandes cidades, ao menos um em cada
chapa, fazendo materiais em comum etc.
Em cidades do porte de São João del-Rei, acreditamos que só
conseguiríamos fazer uma campanha de porte semelhante a que fizemos agora para
prefeito se estivéssemos igualmente unidos, pois então somaríamos recursos
financeiros, fazendo panfletos conjuntos, cartazes, carros de som, tudo em
conjunto. Um dos partidos teria um candidato a deputado federal, e dois teriam
candidatos a deputados estaduais. Essa é a realidade em dezenas de cidades – se
candidatos da frente socialista, de partidos diferentes, forem estimulados a
trabalharem em conjunto, podem fazer uma campanha de peso, se não, angariarão
muito menos votos.
Essa tática eleitoral, contudo, exige uma aliança, e essa
aliança é facilitada pelos números. Existem três cargos executivos nas eleições
de 2014, Governador, Vice, e Senador, e são três partidos centrais na frente
socialista, PSOL, PSTU e PCB, de forma que cada um teria que ter um candidato
de sua livre escolha em um posto desses. O recomendável seria que lançassem
quadros novos, que querem expor ao público mineiro, mas tentar interferir nas
decisões dos outros partidos não ajudará em nada a se formar essa aliança.
Naturalmente, as direções nacionais desses partidos dialogam
sobre essa aliança, mas é necessário que as bases, para essa eleição de 2014
estaduais, comecem também a dialogar e planejar essas eleições, porque em caso
contrário, formada uma aliança nacionalmente e enfiada goela abaixo das
direções estaduais, na maioria dos estados o resultado será uma luta interna e
uma campanha mal planejada. Dois anos é muito pouco tempo para se organizar uma
eleição nacional e eleições estaduais.
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