PCB São João del-Rei: A foice e o martelo versus a campanha eleitoral



O PCB, de ideologia revolucionária, lançou um candidato a vereador, Alexandre Marciano que vos escreve, com um programa notadamente reformista. Há aqui, uma aparente contradição com a história do partido, simbolicamente atualizada pela apresentação da foice e do martelo e o comportamento moderado próprio do candidato em questão. Cumpre-se justificar a atual posição do PCB de São João del-Rei.

Desde já, argumento sobre a atual conjuntura que justifica a visão pragmática do candidato, de avançar no campo da esquerda, e da construção do poder popular, passando, entrementes, pelas etapas lógicas do reformismo. Dito de outro modo, será necessário, em primeiro lugar, construir um campo de esquerda, dentro das instituições, para experimentar avanços e recuos na direção ideológica, obviamente, da esquerda. Com isso, organizaríamos e tornaríamos cotidiano a atuação da esquerda em São João.
Também há o trabalho de mostrar para a população que nenhum político profissional salvará as comunidades de seus problemas e que o tamanho do atendimento das demandas, dessas comunidades, depende, proporcionalmente, do tamanho da organização e mobilização desses civis. Isso se chama conquista, noção inversa de dádiva do político populista, que a classe política inculca nos civis. Será necessário caminhar juntamente com a sociedade civil para que esta tome parte decisiva nos negócios de interesse comum, ou seja, da prefeitura municipal.
Contudo, a foice e o martelo continuam a criarem impressões nas pessoas em geral e, mais importante, nos nossos adversários políticos. Nos outros partidos, a nível municipal, enxergamos uma redução das ideologias políticas que, disfarçadas no senso comum, avançam de modo a pouco causar repercussões políticas, embora a direita avance sempre na direção que conhecem, sem teorias ou rodeios, mas perfazem seus caminhos orquestradamente.
Em São João, de 2008 para 2012, dois vereadores, Gilberto (antes no PT) e Rodrigo (antes no PTB), abandonaram  os partidos que demagogicamente falam em nome do trabalhismo, mas que na prática se revelam fracos em ideologia. As migrações aconteceram em sentido do PMDB para que os referidos vereadores pudessem melhor jogar o jogo político dominante.
Isso não acontece com o PCB, partido carregado de história e que, portanto, é natural que os outros partidos eleitoreiros e repletos de carreiristas, não se aproximem de nós, justamente porque sabem que: AQUI É A FOICE E O MARTELO ! Com o PCB, mesmo a nível municipal, a ideologia predomina, o que dificulta alianças espúrias, contraditórias e eleitoreiras. Nisso, vejo toda a positividade de carregar tal bandeira histórica, atualizada nesses símbolos.
A foice e o martelo causam sensações, também, em alguns eleitores que trazem a tona, toda a figuração destes símbolos, repletos de histórias difundidas no senso comum. Discorro, novamente, sobre a atual conjuntura política que vivemos: não há nenhuma atmosfera instalada de conflito declarado na sociedade civil. Os espaços de luta, atualmente, encontram-se restritos aos meios institucionais e suas adjacências e, nesse campo, predominam o debate de ideias, a persuasão e o convencimento. Nesse campo, a esquerda precisa organizar-se para avançar, experimentando a difusão dos nossos princípios.
Por outro lado, o PCB coliga-se, honrosamente, com o PSTU (além do PSOL), partido esse ligado ao sindicato dos metalúrgicos, e é público e notório que a classe dos trabalhadores metalúrgicos podem, e devem, elevar as suas reivindicações ao extremo, pois uma hora de trabalho daqueles trabalhadores já seria suficiente para cobrir a folha salarial, ou seja, uma hora de greve já significaria a diminuição de lucros de certas empresas, o que deixa qualquer acionista faminto horrorizado com tal hipótese.
Enfim, justifica-se a participação do PCB em campanha eleitoral, como mais uma etapa no conjunto dos enfrentamentos políticos contra os nossos adversários e que, avançar ou recuar no espaço das instituições, o que pressupõe comportamentos moderados mas firmes na defesa das ideologias de esquerda, simbolizadas pela foice e o martelo no PCB, será de grande valia na tarefa que me parece a mais dificultosa: saber trabalhar com as ideologias dominantes que formam o senso comum; eis aí o nosso desafio na campanha eleitoral.

Comentários

Camarada, sua candidatura não é reformista. Participar das eleições e propor reformas não é reformismo. Defender a participação nas instituições não é reformismo. Reformismo seria se você perdesse a perspectiva revolucionária.
Revistacidadesol disse…

Um reformista precisa pensar então em duas experiências de social-democracia: 1) a de Vargas e Jango; 2) a da social-democracia trotsquista do PT, ambas fracassadas.
AF Sturt Silva disse…
Lembrando que as duas experiências reformistas não deram certo. Nem o nacional-desenvolvimentista de Vargas a Jango, nem essa do lulismo-dilmismo.

Por falar em social-democracia, concordo com nosso secretário-geral, acho que a do PT é social-liberal...