Não
é segredo que os partidos de esquerda têm críticas contundentes e
destrutivas com relação às eleições e todo o sistema
representativo-eleitoral que temos atualmente. Não é novidade
também, que os comunistas que se lançam em campanha eleitoral
justifiquem aos seus pares os motivos de tal empresa. Pois, não
fugiremos ao assunto e elencamos os motivos do PCB de São João
del-Rei ter adentrado em campanha eleitoral.
Forçoso
é reconhecer que, apesar dos defeitos das engrenagens das eleições,
estamos num breve período em que conseguimos conversar sobre
política com os sanjoanenses, ou seja, a pessoa se sente, ao menos,
eleitor, o que resulta numa significativa mudança de comportamento
com relação às conversações políticas. Em geral, a população
identifica, no período eleitoral, uma abertura que fazem em suas
vidas para a política e, se não é o ideal de cidadão, no sentido
político do termo, deve-se reconhecer um avanço em participação
na postura das pessoas com as eleições.
A
partir das conversas com os eleitores, na campanha eleitoral,
experimentamos o debate e as nossas proposições. As propostas que
enfrentam, declaradamente, a classe política têm gerado receios nos
interlocutores, isso o reconhecemos. Porém, quando a conversação
de campanha atinge as sensações de insatisfação com a política,
noção um tanto difusa na sociedade, é notório a receptividade de
um diálogo voltado para denunciar, enfrentar e, por fim, escancarar
as mazelas que são vistas como de responsabilidade do poder público.
Vivenciamos um momento em que a crítica torna-se naturalizada,
embora as direções ideológicas camuflam-se para arriscarem uma
hegemonia. A sensação de descrédito com a política aparenta ser
generalizada e, ao menos, devemos reconhecer que, somente num
contexto de crise institucional, as alternativas de mudança
aparecerão mais plausíveis aos olhos da população. Ou seja, as
propostas devem vir, enunciadas pela detecção dos problemas a serem
enfrentados.
O
PCB de São João está, paralelamente às eleições, insinuando
fortalecer-se na cidade, justamente pela visibilidade e debates
políticos inerentes ao período eleitoral, conforme já o dissemos.
Há um número considerável de pessoas interessadas na ideia da
cidade comportar partidos de esquerda organizados e atuantes, como
está se mostrando o PCB em conjunto com o PSTU e PSOL, na coligação
São João para o Povo Trabalhador. Também a possibilidade real do
crescimento da luta da esquerda, transformada em luta cotidiana e
permanente após o período eleitoral, como almejamos, tem cativado a
aparição de mais militantes ao partido.
Podemos,
em linhas gerais, traçar um perfil dos possíveis novos adeptos aos
partidos da esquerda. Há aqueles que já militaram nos partidos da
antiga esquerda da década de 80. A desilusão com a luta somente
pelo poder e os novos rumos desses partidos, vide a guinada à
direita, têm deixado os mais ideológicos livres para juntarem-se
aos partidos da esquerda. Também existem aqueles, como já o
dissemos, simpatizantes dos ideais da esquerda e que descobriram, no
período eleitoral, os caminhos já traçados para a militância de
esquerda; nisso a UFSJ têm abastecido a esquerda notoriamente.
Existem também os que se contagiam com o entusiasmo dos militantes,
isso é fundamental, como os amigos mais próximos que visualizam as
possibilidades de êxito nas conversações políticas começadas com
o período eleitoral.
Enfim,
mostra-se necessário pensar a política amplamente e o processo
eleitoral faz parte de mais uma etapa da luta da esquerda. O PCB, na
coligação PCB-PSTU-PSOL tentará conjugar as denúncias dos
problemas políticos da cidade, as propostas que visam amenizar o
avanço das políticas de direita, conforme a conjuntura nos permite
atualmente e fazer, naturalmente, as nossas propostas,
aproveitando-se da receptividade e atenção do eleitor nesse
período. Há ainda a possibilidade da conquista de algum cargo que,
certamente, organizaria, recrudesceria e tornaria cotidiana a atuação da frente
de esquerda de São João del-Rei.
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