As eleições mais sujas da história da UFSJ

Sujeira é a essência das grandes eleições diretas, isso não é novidade. Qualquer cidadão atento e que não tenha interesses pessoais em esconder a verdade se lembra das diversas eleições para prefeito e vereadores, presidente, governador, deputados, senadores, sindicatos e da própria reitoria da UFSJ e o raro é quando uma dessas eleições não é marcada por sujeira da grossa, e praticamente nunca, mesmo quando não rola podridão, os eleitores mandam em nada. Porém, as eleições para reitoria da UFSJ que terminam nessa Terça, dia 8 de Maio, são as mais baixas que já aconteceram na UFSJ. O golpe das eleições de 2008, em que o reitor conseguiu impossibilitar a existência de uma chapa de oposição, ficou ofuscado pela atual lambança. Só vai piorar!

Fui defensor das eleições diretas desde as Diretas Já (1985), quando eu tinha dez anos, até 1998, já veterano no curso de História da UFMG, tendo então participado diretamente de no mínimo três eleições diretas por ano (todo ano tínhamos eleições para o CA de História, o DA da Fafich e o DCE da UFMG, todas sujas). Quanto maior era a eleição, maior a sujeira. As eleições para o CA podiam não ser nenhum exemplo de democracia, já aconteciam fofocas e mentiras, o debate já era pessoal e não político, mas ao menos nem o poder financeiro, nem a publicidade, tinham força alguma nelas. As eleições para o DA, uma vez que a Fafich tinha uns 5 mil alunos, já eram bem mais sujas, miniaturas das sujíssimas eleições de DCE. Não havia nada que fizesse tão mal ao movimento estudantil da UFMG que essas eleições. Elas destruíam a imagem do DCE uma vez por ano, além de dividirem os alunos de forma difícil de reunir (se hoje um sujeito te chama de ladrão, golpista, sujo, fica difícil estar lado a lado com ele amanhã), e de serem o motor da corrupção, pois eram eleições caras, e os estudantes só tinham uma fonte de financiamento possível... Eu poderia ter me iludido acreditando que isso era só na UFMG ou só na minha época, mas minha participação na direção estadual da UJS, juventude do PCdoB, entre 1995 e 1998, me permitiu perceber que os 200 DCEs do país viviam a mesma autodestruição. Eu também comecei a participar, em BH e em São João del-Rei, de eleições municipais e gerais, para descobrir que a baixaria não se resumia ao movimento estudantil, e passei a ser informado das eleições sindicais, igualmente nada democráticas.

Mesmo assim, as eleições da UFSJ desse ano ainda estão além do aceitável. O próprio reitor entrou diretamente na baixaria, cedendo fragmentos editados de uma conversa particular sua com uma das candidatas à reitoria! As mentiras, as historinhas, as fofocas novelescas, estão rolando há mais de um ano. De cobranças de favores a ameaças, as eleições deflagraram uma guerra pessoal dividindo a comunidade da UFSJ de forma traumática. O desespero da reitoria é paradoxal, deveria ser desnecessário, uma vez que tem em mãos a máquina e oito anos de distribuição de favores, mas o medo é maior, porque caso perca a reitoria, o reitor não poderá ser candidato a prefeito. A reitoria da UFSJ tem sido um trampolim do qual os reitores pulam para outras carreiras, conforme aconteceu com todos os reitores, mas eles foram discretos ou ao menos o tentaram. Já o atual quer dar seu salto em público, usando a imagem da UFSJ assim como usou seus recursos, confiante na impunidade e no descaso com a coisa pública reinantes em nossa sociedade. O primeiro obstáculo que ele está enfrentando é a oposição interna da própria UFSJ, contra a qual ele usa de repressão há 4 anos.

Não devia existir um cargo com tanto poder dentro de um Universidade como o de reitor. Ou os reitores têm que ser extintos ou seus poderes super reduzidos. Mas mesmo com redução de poderes, um cargo importante como o de reitor não deveria ser preenchido em processos sujos como têm sido no Brasil todo. Nossa sociedade precisa recuperar o poder sobre sua própria existência. Hoje o mundo ocidental quase inteiro é governado de forma autoritária por bandidos que se legitimam em processos sujos chamados "eleições diretas". 

Comentários

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Acaba de surgir a denúncia de que os moleques reitoristas que ficavam "trolando" na comunidade da UFSJ no facebook recebiam R$ 2,00 por post. A denúncia foi feita também no facebook, na página Eleições: São João del-Rei 2012.