Estudantes da UNB votam pelo poder dos CAs e DAs sobre o DCE-UNB

Pela primeira vez os estudantes de uma grande Universidade Federal seguem o exemplo da UFSJ. Nas eleições diretas para o DCE da UNB venceu a chapa que propõe o fim dessas eleições e sua substituição por uma direção cujos membros são eleitos, também em eleições diretas, mas por curso, formando um parlamento, que em São João é conhecido como CEB, o Conselho de Entidades de Base, na UFMG é chamado de Conselho de CAs e na UFJF de CONCADA. Em toda Universidade os Conselhos de CAs são a mola mestra do movimento, mas só na UFSJ e agora, se o estatuto for mesmo reformado, na UNB, eles têm o poder oficial no mesmo movimento. Em cerca de outros 200 DCEs impera a eleição direta, e portanto os partidos e as máfias, a corrupção e a traição.

Em Brasília, os organizadores da chapa que propõe o poder das entidades de base são aliados a uma célula da juventude do DEM (ex-PFL), ou seja, reivindicam serem de direita. Que isso não sirva de desculpa para nenhum camarada defender a democracia capitalista contra o poder das entidades de base. As formas de organização política, as regras do jogo político, sejam quais forem, não são neutras. Essa questão não é adiável, nem contornável, nem menos importante que nenhuma outra, mas é sim a questão central, o poder, como ele se organiza, como acontece, com funciona. Em outras palavras, ser comunista é defender o poder organizado como na Comuna de Paris ou como nos Soviets. Não é possível ser comunista e defender que o poder seja organizado como no Brasil, nos EUA, França, Alemanha e países capitalistas em geral.

Deixemos mais claro. O poder capitalista se legitima nas democracias capitalistas em grandes eleições diretas. Quanto maior a eleição em número de eleitores, maior a influencia do dinheiro, portanto menor a democracia em seu significado literal de poder do povo. Defender as eleições diretas como modelo de democracia é defender o capitalismo. Não afirmar claramente que existem formas reais de democracia é deixar de fazer o que tem que ser feito; É dar tempo e combustível aos fascistas e a outros projetos autoritários; É não contribuir em nada para a revolução; É como se Lênin na Rússia tivesse medo de atacar o Tzar em seus jornais.

Certamente, a célula da UJS na UNB, se ainda existir, ou de Brasília, defenderá as eleições diretas, revelando mais uma vez a capitulação do PC do B ao capitalismo. É essencial que o PCB se pronuncie imediatamente a favor do poder dos CAs e DAs e que denuncie o PCdoB logo que ele fizer o favor de defender o indefensável.

Comentários

AF Sturt Silva disse…
http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=33451
Eis ai mais um motivos para todos os comunistas defenderem o poder dos CAs e DAs - não ficarmos parecidos com o PCO.
PCB Ipatinga disse…
Algumas observações.

Estou vendo vários análises do mesmo fato, uns falam que o Dem ganhou o DCE, outros que foi PSDB + Dem, outros, foram a direita anti - partidária que contou com apoio do Dem, enfim, o que importa é que no momento a direita é que está no poder.

A extrema direita com os sucessivos fracassos eleitorais se lançou ao movimento estudantil com um debate anti - partidário na tentativa de ter a hegemonia, inclusive liderando movimentos contra a corrupção proibindo a participação de partidos políticos.

A história diz que a direita, em termos de corrupção, é incomparável.O DCE da PUC - MG é dirigida pelo PSDB, cujo orçamento anual beira a um milhão de reais, dinheiro esse que deveria ser usado para financiar lutas importantes, como o apoio dos estudantes da PUC na greve dos professores, mas na prática ele financia candidatos do PSDB nas eleições.

Outro exemplo emblemático foi na UFRGS. A mesma direita, anti - partidária, ganhou as eleições lá e foi a gestão mais fraudulenta da história, ficou um ano e caiu para a Frente de Esquerda, que dirige lá até hoje.

Se eles vão ou não fazer um regime parlamentarista lá na UNB, o fato atual em consonância com a dialética é que a direita está no poder e todo o seu discurso anti - partidário! Achar que eles vão gerir os recursos do DCE de lá com lisura é um engano grave. Se não conseguem deixar de serem corruptos, quanto mais, implementar no DCE uma forma de gestão que vai atrapalhar seus planos, ora, quaisquer formas de poder popular são economicamente e politicamente inviáveis para a manutenção da democracia burguesa e consequente manutenção ao do seu status quo.

Enfim, a UJC não se pronunciou oficialmente ainda, mas temos três coisas que temos que combater: a corrupção, o aparelhismo e o fascismo. Sim, o fascismo, porque o poder popular que propomos (falo do PCB) qualquer pessoa pode participar, a proposta da direita, se no estatuto (se existir, porque creio que não farão) existe a liberdade de participação, na prática isso vai ser inviável por causa do discurso anti partidário.

Esse não é o poder não vai favorecer nem os comunistas nem os estudantes da UNB, somente aos uns poucos de filhinhos de papai da burguesia que está no poder, afinal, o Palácio do Planalto fica bem perto de lá.

Para a revolução socialista é essencial a presença do Partido Comunista. Que esse partido consiga implementar novas formas de poder de forma que a classe trabalhadora chegue ao poder, nunca vi a direita fazer nada que nos favoreceu, e nem nunca vamos ver.

Não deposito nenhuma confiança a esses lacaios!

Alex - BH
AF Sturt Silva disse…
Uai, a crítica do PCO até é interessante, mas pelo pouco que conheço do modelo DCE-CEB( via UFSJ), e se em Brasília esta mesmo caminhando para isso, eles estão é confudindo as coisas.Alias eu não vi a chapa deles lá na eleição, deve ser por isso mesmo que estão com essas análise tão anti leninista para um grupo que se revendica como herdeiros a forma de organização partidária do leninismo!

Mas eu fiquei bem preocupado com as notícias, que estou tendo sobre Brasília, até por que basismo, movimentos apolíticos são movimentos que não devemos defender.

Agora a chapa do PCB junto ao PSOL estava em segundo, alguém sabe me dizer o que nossos camaradas por lá, defendiam?
A chapa que venceu defende o poder dos CAs e DAs, de forma que só muito sectarismo pode ver nisso o "poder da direita".

Nosso papel agora é garantir que o estatuto seja modificado de acordo com a vontade dos estudantes.

Agora, na UnB, direita é quem defende as eleições diretas, esquerda somos nós que defendemos o poder dos CAs e DAs.