Item 20 - Combate ao tráfico de drogas e a maconha

Íamos incluir esse assunto no item sobre a Justiça, mas como os tucanos resolveram fazer do combate ao tráfico de drogas seu mote de campanha em Minas Gerais, nós nos vimos coagidos a abordar o assunto com mais detalhes. Achamos que o caminho seguido pela direita brasileira é ineficaz propositalmente, porque é assim que é eficaz para se ganhar mais dinheiro.

a ) Vamos começar pelo ponto mais polêmico e mais escandaloso, que é a existência do tráfico de maconha, que só existe para enriquecer um pouco mais os traficantes e lhes fornecer novos clientes.

Para combater o tráfico é importante retirar-lhes uma mercadoria estratégica, a maconha, que é a única que oferecem cujos efeitos para a saúde são brandos. As duas desculpas usadas para a proibição da maconha, que ela vicia e é alucinógena, podem ser atribuídas a diversas outras substâncias. Ademais, são argumentos paternalistas, segundo o qual se movimento um mundo de tropas, advogados, juízes, carcereiros, prisões, viaturas etc. para proteger marmanjos de se drogarem. A proibição, portanto, só existe para dar dinheiro. Se não fosse proibida, seria plantada nos quintais e o máximo que daria de lucro seria para um quitandeiro o mesmo que os alfaces e as batatas.

A maneira de retirar a maconha dos traficantes é permitindo que cada maconheiro plante até três pés dessa planta, fora as mudas. Quem finge não entender isso é porque está ao lado do tráfico. Existem diversos aliados internacionais inconfessos do tráfico, como a indústria armamentista, as indústrias químicas e os investidores. Sem a maconha, os traficantes vão comprar menos armas e munições, pois terão menos dinheiro, e não vão comprar a amônia que usam para conservar a maconha, e todo o sistema financeiro vai ter menos dinheiro circulando..

O país perderá menos dinheiro, pois a maconha é hoje importada isenta de impostos, e passará a ser produzida no Brasil, que se a experiência der certo, logo poderá ser exportador. Todos os municípios do Brasil sentirão a diferença, pois todos hoje perdem dinheiro importando maconha.

Alegam os defensores do tráfico, ou seja, da proibição, que uma droga leva a outra. É a proibição de todas como se fossem uma coisa só, “drogas”, que leva a isso, pois a fonte então se torna a mesma, o traficante, de forma que os milhões de maconheiros do país são colocados em contato com drogas mais pesadas. Se pudessem plantar seus pés de maconha, nem conheceriam os traficantes e teriam dificuldades maiores de contato com outras drogas.

b ) As propagandas anti-drogas tem sido feitas de forma errada. O papel dos governos e organizações de finalidades sociais é informar, não doutrinar. Devem se basear em pesquisas científicas e informar sobre todos os aspectos do uso de drogas – produção das drogas, efeitos, funcionamento no organismo, problemas de saúde relacionados, lucros do tráfico, punições e processos aos envolvidos etc. Deve-se averiguar se os financiadores dessas campanhas não são na verdade empresas que lucram com o tráfico, porque são mais propagandas da proibição que de inibição do consumo.

c ) As estatísticas são muito otimistas, o uso de drogas de todos os tipos é muito maior que o estimado. A idéia de que nas escolas as crianças estão protegidas dos traficantes é lunática, pois o normal é que em todas as escolas de ensino médio acontece um pequeno tráfico entre os estudantes mesmo.

Consulta:

Trata-se de um tema duplamente polêmico, pois além de polêmico em si, ainda não está resolvido dentro do Partido. No Congresso estadual da União da Juventude Comunista, que aconteceu em São João del-Rei, por exemplo, o aprovado foi um Seminário Nacional sobre o tema. Então, o que responder agora às perguntas sobre o assunto?

Sendo assim, resolvi criar duas enquetes, na coluna lateral destinada às eleições, cujos resultados tendem a ser idênticos mas podem não ser. Uma sobre se deve-se permitir que os maconheiros plantes maconha ou não, e outra se um deputado do Partido Comunista deve defender isso ou não. Como é óbvio, essa pesquisa não é um fórum do Partido, e além disso é aberta a não-membros do PCB e até a não-comunistas, mas vamos deixar os internautas brincarem de serem comunistas de vez em quando!

Comentários

Anônimo disse…
Se os revolucionários tivessem gasto os últimos anos organizando redes econômicas alternativas para potencializar os recursos dos pobres, não necessariamente baseadas em trocas “criminosas” de dinheiro por maconha mas nas necessidades e possibilidades básicas da vida real; ao invés de jogar o jogo fútil das políticas de terceiros, que é uma posição fracassada desde o início; se toda essa energia fosse direcionada nesse sentido, ao invés do que parece para mim uma quimera total, um fantasma totalmente abstrato chamado “poder político democrático legislativo” – então eu penso que estaríamos há muito no caminho claro da mudança revolucionária nessa sociedade.

Nessas circunstâncias, toda essa boa intenção e grande energia foi mal direcionada em um jogo – um jogo em que a autoridade cria as regras, e nas quais “eles” criaram as regras para que pessoas como eu e você não possam ganhar poder dentro desse sistema.

Agora isto é uma crítica anarquista que eu estou fazendo, com os motivos mais camaradas possíveis. Eu acho que é uma tragédia essa energia ter sido mal direcionada. Eu não acho que é tarde demais para acordar e ver o que está na verdade acontecendo aqui.“I don’t think that it’s too late to wake up and smell the coffee here.” Hackim Bey.
Neste vídeo, Milton Friedman, um dos mais influentes teóricos do liberalismo, defende a liberação da produção, comércio e consumo de todas as drogas. (http://www.youtube.com/watch?v=-shwabBMEXQ&feature=relmfu)
Certamente, eles são contra a proibição da entrada de concorrentes no mercado. Eles pretendem competir com a indústria tabagista e de bebidas alcoólicas; a indústria petrolífera (um dos principais ingredientes para todos os bens de consumo feitos à base de petróleo era o óleo de cânhamo. O cânhamo também tem potencial para se tornar ingrediente dos biocombustíveis, caso pudesse entrar no livre mercado. Sem contar todos os outros produtos, como tintas, xampus e plásticos, que poderiam ser manufaturados com óleo de cânhamo); a indústria farmacêutica; a indústria madereira (antes de a maconha ser proibida, o cânhamo era predominante na indústria papeleira.); a indústria algodoeira (os tecidos de cânhamo e outros produtos que poderiam ser feitos à base de cânhamo, como papel e tinta, não o são porque o cânhamo não está prontamente disponível no livre mercado.)